quarta-feira, 15 de março de 2017

Sobre Insights, telas de celulares e leitos de emergência...

Carlos Almeida








alguns dias na minha última "live" que fiz no periscope falei que estaria postando aqui no blog a respeito de um insight recente que tive quando a tela do meu smartphone caiu de "cara" pro chão no dia que fui consertar o farol do meu carro! De súbito me lembrei do livro do Capra e de suas palavras!
"A única maneira de superar o dilema existencial da condição humana é, em última instância, transcendê-lo, vivendo a nossa existência dentro do mais amplo contexto cósmico. Isso é conseguido no domínio transpessoal, o último domínio importante da cartografia do inconsciente elaborada por Grof. As experiências transpessoais parecem oferecer profundos insights sobre a natureza e importância da dimensão espiritual da consciência" O PONTO DE MUTAÇÃO (CAPRA, Fritjof)
A ideia de totalidade nas relações que estabelecemos com os eventos podem esclarecer as conexões advindas dos fenômenos subordinados a noção de tempo e espaço. Você entende o que essa frase significa quando, a grosso modo, você  perde um vôo e o avião cai, por exemplo, traduzindo. Nos minutos que sucederam a minha saída do meu carro para abrir o capô para que o eletricista consertasse o farol do lado direito até o esbarrar do celular que estava na minha mão direita com a minha coxa e até a queda no chão me transportei ao leito de emergência do hospital onde fui internado a cerca de dois anos, sozinho, em uma crise terrível de diverticulite. 



Naquele dia, já madrugada, não me contorcia na maca com as dores abdominais pois estava sedado, quase conseguindo dormir quando fui acordado com gritos enormes vindos do corredor. Os gritos foram aumentando e logo  entrara no pronto socorro em prantos uma moça jovem que chorava e gritava incessantemente. Chamava pela mãe, não se conformava, pelo visto, com a perda. Lhe confortando estava um senhor que deduzi ser seu pai, em função de sua fala ao consolá-la e dizer que sempre estaria ao seu lado a fim de lhe dar o devido suporte e apoio. 

Voltei a cena do celular caindo ao solo de frente com o asfalto quente,  apanhei-o e de imediato constatei que a tela estava toda trincada, rachada. Ensaiei um desgosto, uma reprovação a mim mesmo. Como poderia cometer tamanha falha e displicência? bater com a própria mão na própria coxa e derrubar o aparelho?  Será que se fosse o farol do lado esquerdo o mesmo teria acontecido? E agora?



Daí me lembrei quantas vezes superdimensionamos alguns fatos e acontecimentos que nos ocorrem sendo que existem uma dezenas de outros muito piores. A perda de uma mãe por exemplo. De um pai. Deu saudades de minha vózinha que eu tanto amava. 

Uma tela eu troco, compro uma nova... sei lá! Rachar a tela do meu aparelho não merece a minha paz. A minha serenidade. E no mais, acredito que muitas vezes  certas coisas nos acontecem como prevenção a outras que poderiam ocorrer, muito piores. Me explico: tipo, alguma coisa que nos acontece e que pode ser aparentemente ruim mas que na verdade vem nos precaver de que algo pior aconteça. Entende? Não tem aquela passagem bíblica que nos diz que "algumas coisas não são perdas, mas livramentos?" Pois é!  

 "A ideia de totalidade nas relações que estabelecemos com os eventos podem esclarecer as conexões advindas dos fenômenos subordinados a noção de tempo e espaço"

Não se assuste. Leia a citação acima do livro do Capra. Não espera aqui encontrar linearidade síncrona. No entendimento da totalidade, todas as coisas estão ligadas mas não necessariamente de forma linear. Abstraia!

E meu celular segue com a tela "trincada" e os faróis do meu carro seguem funcionando perfeitamente. Nunca saberei quem era aquela moça que entrou na emergência do hospital onde eu estava internado em uma maca em crise de diverticulite, sozinho e me contorcendo sedado mas, me lembro de sua voz, um pouco depois, mais calma... depois que ouviu uma sequência de vômitos que de súbito regurgitei no chão daquelas macas separadas apenas por cortinas. 

Ela parou de soluçar e por instantes dizia :"Tem alguém vomitando alí..." Era eu!

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