"Alunos, REBELEM-SE!"
De quem vocês acham que seria a autoria desta frase acima? a) Karl Marx; b) Paulo Freire; c) Um Punk da Periferia; ou, enfim d) Nenhuma das alternativas anteriores
A julgar pelo teor expresso na mesma alguns podem achar que se trata de algum subsersivo.
Basta alguém que tenha a leitura mínima de Paulo Freire saberá que o mesmo era marxista logo a resposta fica um tanto quanto redundante em se tratando de Educação. Mas, aos incautos, fiquem surpresos. Esta frase não é de alguém subversivo, mas de um dos maiores educadores do nosso país.
Em um começo de ano letivo naquelas chamadas aulas diagnósticas, bem homogêneas como são as classes no ensino público ( onde você têm que planejar uma aula do ponto de vista de estímulo/resposta cognitiva para um aluno de quinta série de 12 anos e outro, da mesma classe, de 17 anos!) logo na primeira semana onde fazemos dinâmicas afim de identificarmos os sujeitos sociais, as personagens e as características de cada classe e dos seus alunos. Sim Eu faço isso e acho fundamental. Escrevi a frase que inicia este este texto bem grande no quadro, e me pus a conversar com os alunos fundamentado no texto abaixo:
“Eu acho que os adultos, pais e professores, deveriam compreender melhor que a rebeldia, afinal, faz parte do processo da autonomia, quer dizer, não é possível ser sem rebeldia. O grande problema está em como amorosamente dar sentido produtivo, dar sentido criador ao ato rebelde e de não acabar com a rebeldia.
Tem professores que acham que a única saída para a rebelião, para a rebeldia é a punição, é a castração. Eu confesso que tenho grandes dúvidas em torno da eficácia do castigo. Eu acho que a liberdade não se autentica sem o limite da autoridade, mas o limite que a autoridade se deve propor a si mesma, para propor ao jovem a liberdade, é um limite que necessariamente não se explicita através de castigos. Eu acho que a liberdade precisa de limites, a autoridade inclusive tem a tarefa de propor os limites, mas o que é preciso, ao propor os limites, é propor à liberdade que ela interiorize a necessidade ética do limite, jamais através do medo.
A liberdade que não faz uma coisa porque teme o castigo não está “eticizando-se”. É preciso que eu aceite a necessidade ética, aí o limite é compromisso e não mais imposição, é assunção. O castigo não faz isso. O castigo pode criar docilidade, silêncio. Mas os silenciados não mudam o mundo. “ (Paulo Freire, Pedagogia dos sonhos possíveis. Org.Ana M.A. Freire. Editora Unesp)
Se fosse como na produção Sociedade dos Poetas Mortos com o seu "Carpe Diem" onde todas as glórias são dadas ao grande "best seller hollywoodeano" ou a nobre professôra de "O Sorriso de Monalisa" alterando a ordem tradicional das coisas. Mas o que é esta citação acima de Paulo Freire senão o convite ao "Carpe Diem" e a "Revolta saudável", que não se emudece, muito menos se embrutece mas liberta o ser?
Professor, enquanto mediador e educador, deve instigar no aluno a necessidade que este transcenda a sua zona de conforto, se revolte quanto as amarras que o prende e lhe impute uma pedagogia renovadora, superadora, critico-emancipatória.
Essa sim é a Educação que liberta.
Não creio que deveríamos ter medo dos alunos mas sempre buscar estabelecer uma relação dialógica com os mesmos e relação dialógica não significa só fazer o que o aluno quer ou gosta. O que não quer dizer (e é aí que alguns não entendem) que a disciplina, o respeito, valores morais e éticos, não devam permear a relação de ensino aprendizagem. Elas são importantíssimas e fazem parte do processo de construção dos sujeitos e da própria educação mediatizada e humanizada, transcritora de cultura humana.
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