Não vou falar de MMA, “esporte”
que entendo “bulufas”. Sou ex-atleta sim mas de basquetebol, esporte que
apesar de ser considerado esporte olímpico amador e
obedecendo as regras do “amadorismo”, na época fui atleta profissional, era pago pra jogar. Vendia minha
força de trabalho, minha mais valia, era "explorado", usava na camiseta a
logomarca do(s) patrocinador(es) que pagavam meu salário.
Não, não vou falar de MMA. Vou
falar de Alienação, de mercantilização do esporte e da espetacularização do
mesmo e do fetiche embutido, incutido nestas praticas corporais. Agnes Heller, uma filósofa húngara em sua fase ainda marxista afirmou que "as reproduções da sociedade são as reproduções das mesmas contradições que
permeiam essa sociedade". De fato.
O processo de mercantilização do esporte existe não é de hoje com a apropriação da mídia+mercado e a espetacularização com fins únicos de se construir um produto, um “enlatado” e de vendê-lo como algo novo rebuscado como esporte. O que chamam hoje de MMA dentro de uma nova roupagem não passa da luta livre, prática que por muito tempo nunca foi considerada esporte devido ao teor brutal existente nela mesma. Mas, se é o que há de humanidade em nós que nos torna mais humanos, a carência ou até mesmo ausência de humanidade, um estado pleno de ignorância e alienação, não nos embrutece?
O processo de mercantilização do esporte existe não é de hoje com a apropriação da mídia+mercado e a espetacularização com fins únicos de se construir um produto, um “enlatado” e de vendê-lo como algo novo rebuscado como esporte. O que chamam hoje de MMA dentro de uma nova roupagem não passa da luta livre, prática que por muito tempo nunca foi considerada esporte devido ao teor brutal existente nela mesma. Mas, se é o que há de humanidade em nós que nos torna mais humanos, a carência ou até mesmo ausência de humanidade, um estado pleno de ignorância e alienação, não nos embrutece?
O que me preocupa na verdade é a
"invisibilidade do visível" lá de Foucault e de Deleuze, como diria um ex-professor da faculdade. O que me preocupa são as
relações de dominação, de exploração e de alienação existentes não só no MMA
mas em uma série de “modismos” que foram e estão sendo incorporados dentro da
cultura com um forte apelo sedutor e muitas vezes romântico assumindo roupagens revestidas de um discurso globalizado,
globalizante, de primeiro mundo, mas que na verdade não passam de instrumentos
alienantes utilizados ela sociedade do capital que em crise grita cada vez mais
por se manter no poder, ou de se renovar, como diria Adorno.
Em um dos seus ensaios, professor Pedro Demo afirma que "o
conhecimento, ao longo da história da humanidade, sempre esteve a serviço do
poder e não da verdade". Ou seja, na busca da “desfetichização do fetiche” que é
o produto criado na sociedade de capital como forma alienadora, alienante e a
fim de tentar entender as contradições existentes nesta mesma sociedade com a
finalidade de propor rupturas, contrapontos, somos alvo de críticas, de
incompreensões, de ofensas e alcunhas das mais perversas, seja nos espaços
formais ou não-formais. E os covardes falam pelas costas mas não nos trazem os argumentos.
O que leva a um atleta deslocar o ombro do colega mesmo já o tendo imobilizado, com o golpe encaixado? Em luta recente ao vivo e em rede nacional, há quem ouviu o estalo no momento de dôr do opositor ao deslocar o ombro e em seguida se debatia no octágono enquanto ao vencedor eram dados os aplausos. Como disse um colega professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, a forma como os dois Brasileiros (Rodrigo Minotauro e Lyoto Machia) terminaram suas lutas (2011), merece, no mínimo, uma observação. O primeiro teve simplesmente uma fratura transversa no úmero por não ter desistido (os famosos 3 tapinhas) depois de um golpe encaixado (Kimura, se não me engano). O segundo apagou frente nossos olhos por, também, não ter desistido após um estrangulamento encaixado (Confiram a “assustadora” foto: http://br.esportes.yahoo.com/blogs/casca-grossa/ufc-140-jones-apaga-machida-minotauro-%C3%A9-finalizado-052859825.html).
Prossegue o mesmo colega "O que para mim é notório – e teve ontem sua expressão- é o processo de alienação; neste caso, traduzindo como estranhamento.O esporte que deveria me servir, onde deveria me reconhecer enquanto produtor e consumidor (consumo no ato de produção) passa a se estranhar de mim; passo a praticá-lo para atender a outros fins que não os diretamente ligados à minha satisfação. Passo a ter que valorizar uma marca, um clube, uma seleção, uma Confederação... uma mercadoria, às vezes minha própria força de trabalho enquanto mercadoria. O estranhamento invadiu a luta esportivizada: o MMA. O que existe por trás de um lutador que, convencido que o golpe está “encaixado” (gíria que significa que o golpe está eficiente), ainda assim não desiste?"
Relações mercantis. Ou quebra o braço do oponente ou perde o emprego, o patrocínio. Sua força de trabalho, sua mercadoria é o produto do seu trabalho, de sua prática enquanto atleta ou seja, é a sua luta.
O que leva a um atleta deslocar o ombro do colega mesmo já o tendo imobilizado, com o golpe encaixado? Em luta recente ao vivo e em rede nacional, há quem ouviu o estalo no momento de dôr do opositor ao deslocar o ombro e em seguida se debatia no octágono enquanto ao vencedor eram dados os aplausos. Como disse um colega professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, a forma como os dois Brasileiros (Rodrigo Minotauro e Lyoto Machia) terminaram suas lutas (2011), merece, no mínimo, uma observação. O primeiro teve simplesmente uma fratura transversa no úmero por não ter desistido (os famosos 3 tapinhas) depois de um golpe encaixado (Kimura, se não me engano). O segundo apagou frente nossos olhos por, também, não ter desistido após um estrangulamento encaixado (Confiram a “assustadora” foto: http://br.esportes.yahoo.com/blogs/casca-grossa/ufc-140-jones-apaga-machida-minotauro-%C3%A9-finalizado-052859825.html).
Prossegue o mesmo colega "O que para mim é notório – e teve ontem sua expressão- é o processo de alienação; neste caso, traduzindo como estranhamento.O esporte que deveria me servir, onde deveria me reconhecer enquanto produtor e consumidor (consumo no ato de produção) passa a se estranhar de mim; passo a praticá-lo para atender a outros fins que não os diretamente ligados à minha satisfação. Passo a ter que valorizar uma marca, um clube, uma seleção, uma Confederação... uma mercadoria, às vezes minha própria força de trabalho enquanto mercadoria. O estranhamento invadiu a luta esportivizada: o MMA. O que existe por trás de um lutador que, convencido que o golpe está “encaixado” (gíria que significa que o golpe está eficiente), ainda assim não desiste?"
Relações mercantis. Ou quebra o braço do oponente ou perde o emprego, o patrocínio. Sua força de trabalho, sua mercadoria é o produto do seu trabalho, de sua prática enquanto atleta ou seja, é a sua luta.
Nesse sentido, estamos
vivenciando uma Europa em crise e nos surpreendemos ao presenciarmos ainda em
vida o surgimento avultado desse novo personagem americano, o “home-less” e o
ativista que em plena “wall-street” novaiorquina (pasme), centro financeiro do
capitalismo do qual são filhois, implorarem contra as políticas de
retenção\acúmulo do poder por parte de
poucos ante a miséria de mutos.
Negro e pobre que sou e que sempre fui, egresso de uma ancestralidade que do ponto de vista histórico somente a
bem pouco tempo erradicou uma das piores criações existentes nas relações de
poder impostas pelo capital – a escravidão – relembro, apesar dos apelos de
mercantilização e de esportitivação de um fenômeno típico da minha
ancestralidade, a capoeira, a capoeira Angola do Mestre João Pequeno falecido
recentemente, pobre e honrado, longe de saber o que significa um salário
de 3 milhões por mês como os valores recém anunciados pela mídia na renovação de contrato
do “craque” Neymar, fruto de toda essa espetacularização e mercantilização
impostas por esta sociedade alienante do capital, e como um grito de contraposição e de
resistência a ordem imposta por estas apropriações neoliberais em torno do
esporte, dos modismos dos discursos globalizantes, a nos ensinar de forma
contextualizada e referendada sócio-histórico e criticamente quem somos, de
onde vimos e para onde vamos. E ela mesma, a capoeira, já sofre fortes indícios de esportitivização, de espetacularização em uma de suas variações - a capoeira regional.
E que possamos, ao estabelecer os
nexos críticos com a realidade e com o estranhamento, assumirmos posições firmes, revolucionarias, tão revolucionárias
como sempre foram, mesmo que sob a ofensa daqueles que nos chamam de “estáticos
nas idéias”, idéias propostas há anos e que ao transpassar dos nossos olhos
nunca foram tão atuais para explicar a sociedade de hoje de muitos destes que de
forma intransitiva, superficial e rasteira se atém aos “estalar dos braços” do
lutador, assistindo de forma passiva o “encaixe dos golpes”, vibrando
efusivamente, sem perceber que ele é quem esta sendo, aos poucos, “finalizado”.
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