por Maisa Paranhos
Professora, atriz, historiadora e pesquisadora do governo João Goulart
Sim, respondemos ao Governador que não só a greve dos professores é de
natureza política, como a construção das estradas, da Fonte Nova , a
Copa, e mais, toda e qualquer ação humana, é de ordem política; pois que
saiba o Governador Jacques Wagner, que a palavra "política" vem de
Polis, de origem grega, aonde eram vivenciadas as experiências, todas
sociais, portanto, inter-relacionadas, portanto, políticas...
Sim, porque humanos, somos seres políticos. Somos professores, temos
autonomia e respondemos por nossas atitudes. Fazemos greve para que uma
lei seja cumprida e nosso direito garantido, o que constitui uma ação
política. Qual o problema que assim o seja?
Problema gravíssimo
é o governo do Estado não cumprir a lei; problema gravíssimo é o
governo do estado, com o dinheiro público, pagar propagandas que atentam
à lisura de qualquer governante; problema gravíssimo é o governo, em
suas explanações televisivas, afirmar que concedeu um reajuste que não
corresponde à verdade dos fatos, pois se utiliza de um índice que não é
verdadeiro, faz uma soma propositalmente incorreta, e afirma à população
desavisada, de que já temos o reajuste que reivindicamos!!!
Por que estaríamos em greve, Governador?
Por que enfrentaríamos 3 meses sem salário, Governador?
Por que teríamos o ônus de nosso alunado sem aulas, Governador?
Por quê teríamos nossas férias comprometidas, Governador?
O retrocesso que representou o seu governo ao, além de não cumprir a
lei do Piso, fazer um achatamento na Carreira do Magistério -
transformando remuneração em subsídios- talvez respondam as perguntas
que lhe são dirigidas...coisa, aliás, muito bem manipulada, dada a sua
complexidade, quando é apresentada à população, na grande mídia.
Somos uma categoria em greve,responsável no exercício de sua profissão e em por suas decisões, qual seja, a greve.
Não endossamos qualquer que seja a responsabilidade atribuída ao nosso
sindicato, independente dos interesses políticos do mesmo, à greve e sua
manutenção.
É lamentável que a distância que separa o Governo
de seu povo, o leve a tal equívoco. Ou ainda pior, que o faça ter
pronunciamentos nitidamente convenientes, ao afirmar que a greve é fruto
da manipulação sindical e Partidária.
A responsabilidade única
pela manutenção de nossa greve é a persistência de seu governo em não
cumprir uma lei federal, a Lei do Piso. Que como bem diz a mesma, é o
mínimo a que o professor tem direito de receber e que o senhor tem se
negado a pagar.
Bem sabemos que os Partidos da base aliada do seu governo têm como prática a manipulação de seu eleitorado. Isto é notório.
Como é notória a tentativa de subestimar o discernimento do
professorado, o que aliás é bem conveniente politicamente para,assim,
legitimar-se numa postura ilegal, intransigente e autoritária.
O
Governo do Estado da Bahia, dessa forma, só depõe contra si ao não
observar a Lei do Piso, ao retroceder em conquistas trabalhistas, ao
mentir para a população, ao subestimar a autonomia do professor em sua
decisão de decretação e manutenção da greve, conforme direito garantido
em nossa Constituição.
Assim, reafirmo que o cumprimento da Lei
do Piso e a revogação de lei antitrabalhista e inconstitucional
aprovada pela Assembleia Legislativa da Bahia, é o que nos faz
permanecer em nosso movimento paradista.
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