Por: Guilherme Vasconcelos
Hoje, pedi demissão do site Bocão News, onde trabalhei nos últimos três
meses. Escrevi, com base em dados oficiais, uma matéria que mostrava o
crescimento exponencial dos gastos com publicidade do governo Wagner.
Para minha surpresa, cerca de uma hora após a matéria ter sido postada,
ordens da chefia chegaram até a redação para que a reportagem fosse
retirada do ar.
De maneira truculenta e desrespeitosa, fui comunicado da
decisão por terceiros através de mensagens de texto via celular. Também
me foi dito que, por interesses econômicos e por pressão do
“democrático” governo petista, a ordem era irrevogável. Diante disso,
não poderia agir de outra forma.
Não se trata de querer bancar o herói,
mas a demissão era a única saída honrosa. A coerência, a dignidade e a
liberdade são valores inegociáveis para mim. Na Bahia, estado que lidera
a vanguarda do atraso, só verdades convenientes podem ser reveladas.
Nosso jornalismo, salvo algumas honrosas exceções, é submisso e se
aproxima do amadorismo. A verdade é que aqui, terra dos superlativos– 69
dias de greve dos professores, 12 anos de metrô, pior prefeito das
capitais – praticamente não há jornalismo investigativo.
Dizem que
estamos na era da transparência. Na Bahia, a censura ainda é regra.
Agradeço a Daniel Pinto, Marivaldo Filho e Luiz Fernando Lima, que
muito me ensinaram durante esses três meses e, certamente, continuarão
me ensinando.
Para os que leram e gostaram, para os que leram e não
gostaram, e para os que não tiveram a oportunidade de ler, transcrevo
abaixo a matéria que motivou meu pedido de demissão:
Governo Wagner eleva em 162% gastos com publicidade
Despesas alcançaram R$ 122 milhões em 2011
Entre 2007, primeiro ano da administração petista, e 2011, o governo
Jaques Wagner elevou em 162,5% os gastos com propaganda, promoção e
divulgação das ações do Estado. Nesse período, as despesas com
publicidade saltaram de R$ 46 milhões para R$ 122 milhões. Os dados
estão no relatório de contas de 2011 do governo do estado elaborado pela
conselheira do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE), Ridalva
Figueiredo.
Em comparação com 2010, quando foram gastos R$ 109
milhões, houve um aumento de 12%. A Secretaria de Comunicação Social e a
Casa Civil foram as instâncias do governo estadual que registraram
maiores despesas na área, com R$ 29,2 milhões e R$ 13,9 milhões,
respectivamente.
Entre as estatais, os gastos com publicidade foram
liderados pela Empresa Baiana de Turismo (Bahiatursa), com R$ 11,4
milhões, seguida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), com
R$ 7,3 milhões, e a Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), com R$ 3,3
milhões.
Seca –Se o orçamento para a divulgação dos projetos do
governo não para de aumentar, os recursos destinados a ações de combate à
seca, problema que fez mais da metade dos municípios baianos declarar
situação de emergência neste ano, foram considerados insuficientes pelo
conselheiro Pedro Lino, que votou pela desaprovação das contas do
governo durante julgamento realizado na semana passada.
“Através de
pesquisa realizada por minha assessoria nos sistemas corporativos do
Estado, verificou-se que foram aplicados recursos no montante de R$
37.599.143,88 através da execução de apenas dois projetos e duas
atividades visando a assistência às famílias e municípios e implantação
de soluções hídricas. Entretanto, nenhuma destas ações foi estabelecida
como meta prioritária”, critica o conselheiro no parecer sobre as contas
do poder executivo, destacando que a quantia empregada para reduzir os
efeitos da seca foi mais de três vezes menor do que os recursos
destinados a promover as ações do governo.
Realmente vergonhoso!!! Lixo, lixo, lixo lixo...
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