Mais de um quarto da população pobre da América Latina vive no Brasil
Veja tambem: Brasil sem miséria e a miséria do Brasil
Apesar
de avanços no combate às desigualdades sociais, mais de um quarto da
população pobre da América Latina vive no Brasil, segundo dados
divulgados nesta terça-feira pela Onu.
Em relatório feito pelo Programa das Nações Unidas para os
Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), dados mostram que há 124 milhões de
pessoas vivendo na linha da pobreza na região, 37 milhões delas só no
território brasileiro. A segunda maior parcela está no México, que tem 25 milhões de habitantes na faixa da pobreza.
Segundo
o documento, o Brasil ainda é o quarto país mais desigual da América
Latina, atrás apenas de Guatemala, Honduras e Colômbia, de acordo com o
estudo “Estado das cidades da América Latina e do Caribe 2012”. Mesmo
assim, o país registrou avanço considerável em relação a 1990, quando
era o campeão no ranking de desigualdade.
- Ser o quarto pior da América Latina é como estar na zona de rebaixamento da terceira divisão porque é a região mais desigual do mundo. Mas o Brasil tem tido queda consistente na desigualdade nos últimos 12 anos – afirma o economista Marcelo Neri, especialista da FGV.
Os dados da ONU mostram que os 20% mais ricos na América Latina têm renda quase 20 vezes superior à dos 20% mais pobres. Mesmo o país com distribuição mais equânime na região, a Venezuela, ainda não chegou ao patamar de Portugal, o mais desigual da zona do euro. As melhoras registradas em parte da região nas últimas duas décadas foram atribuídas pela ONU ao aumento da renda do trabalho, à queda da diferença salarial e à expansão de programas de transferência de renda.
Por outro lado, o estudo revela que para alguns países a distância entre ricos e pobres aumentou ainda mais desde 1990, como em Colômbia, Paraguai, Costa Rica, Equador, Bolívia, República Dominicana, Argentina e Guatemala. De modo geral, 124 milhões de pessoas vivem na pobreza nas cidades latino-americanas, o equivalente a uma em cada quatro pessoas em áreas urbanas. Mais da metade delas estão no Brasil (37 milhões) e no México (25 milhões). Ainda assim, vale a ressalva de que entre 1990 e 2009, período de abrangência do estudo, a proporção de pessoas vivendo na pobreza na região passou de 48% para 33%.
- Essas estatísticas de distribuição de renda são como a imagem no espelho de toda a má distribuição que temos em setores como educação, saneamento, saúde e transporte, em todos os aspectos que afetam a geração de renda – explica Rubens Cysne, diretor da EPGE/FGV.
O retrato das diferenças regionais está presente também no ranking de PIB per capita. O Brasil ocupa o 13º lugar, com um valor pouco superior a US$ 4 mil, atrás de países como Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, entre outros. Em 2009, Antígua e Barbados, um país de população pequena e economia baseada no setor de serviços, era o líder no PIB per capita, com valor superior aos US$ 10 mil. O montante é 27 vezes superior ao do Haiti, o país com menor PIB per capita da região.
Em outra estatística que embute as grandes diferenças regionais, a renda média per capita da região era de US$ 4.823 em 2009, abaixo da média mundial de US$ 5.868.
- A desigualdade é uma marca registrada da região. E no Brasil é notável a diferença entre as diversas partes do país, entre os salários de homens e mulheres, e também na questão racial. A mudança é um processo lento nos valores que já estão introjetados na sociedade brasileira – avalia o economista João Saboya, da UFRJ.
Apesar de contar com programas de transferência de renda que se tornaram modelo e fonte de inspiração em campanhas políticas na região, Neri explica que o Bolsa Família e os projetos voltados para Previdência, aposentadoria e pensões responderam por cerca de um terço da queda da desigualdade. A maior parte foi resultado de avanços na renda do trabalho. (O Globo)
- Ser o quarto pior da América Latina é como estar na zona de rebaixamento da terceira divisão porque é a região mais desigual do mundo. Mas o Brasil tem tido queda consistente na desigualdade nos últimos 12 anos – afirma o economista Marcelo Neri, especialista da FGV.
Os dados da ONU mostram que os 20% mais ricos na América Latina têm renda quase 20 vezes superior à dos 20% mais pobres. Mesmo o país com distribuição mais equânime na região, a Venezuela, ainda não chegou ao patamar de Portugal, o mais desigual da zona do euro. As melhoras registradas em parte da região nas últimas duas décadas foram atribuídas pela ONU ao aumento da renda do trabalho, à queda da diferença salarial e à expansão de programas de transferência de renda.
Por outro lado, o estudo revela que para alguns países a distância entre ricos e pobres aumentou ainda mais desde 1990, como em Colômbia, Paraguai, Costa Rica, Equador, Bolívia, República Dominicana, Argentina e Guatemala. De modo geral, 124 milhões de pessoas vivem na pobreza nas cidades latino-americanas, o equivalente a uma em cada quatro pessoas em áreas urbanas. Mais da metade delas estão no Brasil (37 milhões) e no México (25 milhões). Ainda assim, vale a ressalva de que entre 1990 e 2009, período de abrangência do estudo, a proporção de pessoas vivendo na pobreza na região passou de 48% para 33%.
- Essas estatísticas de distribuição de renda são como a imagem no espelho de toda a má distribuição que temos em setores como educação, saneamento, saúde e transporte, em todos os aspectos que afetam a geração de renda – explica Rubens Cysne, diretor da EPGE/FGV.
O retrato das diferenças regionais está presente também no ranking de PIB per capita. O Brasil ocupa o 13º lugar, com um valor pouco superior a US$ 4 mil, atrás de países como Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, entre outros. Em 2009, Antígua e Barbados, um país de população pequena e economia baseada no setor de serviços, era o líder no PIB per capita, com valor superior aos US$ 10 mil. O montante é 27 vezes superior ao do Haiti, o país com menor PIB per capita da região.
Em outra estatística que embute as grandes diferenças regionais, a renda média per capita da região era de US$ 4.823 em 2009, abaixo da média mundial de US$ 5.868.
- A desigualdade é uma marca registrada da região. E no Brasil é notável a diferença entre as diversas partes do país, entre os salários de homens e mulheres, e também na questão racial. A mudança é um processo lento nos valores que já estão introjetados na sociedade brasileira – avalia o economista João Saboya, da UFRJ.
Apesar de contar com programas de transferência de renda que se tornaram modelo e fonte de inspiração em campanhas políticas na região, Neri explica que o Bolsa Família e os projetos voltados para Previdência, aposentadoria e pensões responderam por cerca de um terço da queda da desigualdade. A maior parte foi resultado de avanços na renda do trabalho. (O Globo)
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