terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pedagogia da tragédia - O luto é pelo ser humano!

Não há muito que acrescentar a tudo o que foi dito na grande mídia sobre a grande tragédia humana ocorrida naquela noite em uma simples boate em Santa Maria\RS, boate esta que como em muitas várias, centenas de boates espalhadas pelo Brasil inteiro, milhares de jovens buscam diversão.



Então por que essa sensação de que algo ainda não foi dito? Por vezes relutei, comecei, parei, travou tudo e o texto não saia. O véu transposto nas nossas vistas ainda nos impedem de ver a invisibilidade do visível. Sim! Temos as informações de que havia superlotação na boate, que não houve uma fiscalização correta como nunca houve na casa de shows onde ocorreu o evento, que não haviam portas de emergências suficientes para darem vazão a quantidade de pessoas que alí se encontravam, de que os extintores de incêndios não funcionaram e de que os fogos de artifícios usados não eram adequados para aquele ambiente. 
 


O que é visível e que está aqui superposto nessa tragédia toda é a imensa ganância humana. É entender que espécie de seres somos nós que somos capazes de valorizarmos mais o lucro existente em um show em detrimento das pessoas, ou melhor, da vida das pessoas. Que espécie de criatura miserável investe um material de terceira, quarta, quinta categoria em um revestimento no forro quando poderia ter instalado um produto de boa qualidade? Que espécie de animal pode em uma correria transloucada de pessoas buscando salvarem suas próprias vidas impedirem a saída destas mesmas pessoas por que não pagaram as comandas de consumo?
 



A invisibilidade do visível que essa tragédia toda esconde é o que há de pior na espécie humana e que temos vergonha de denunciar pois seriamos e estaríamos incorrendo no pecado de expor a nós mesmos. Não deveríamos estarmos de luto apenas pelas 237 pessoas que morreram naquele incêndio. O luto maior que sentimos deveria ser por nós mesmos. Várias pessoas se manifestaram nas redes socais a respeito de uma centena de lugares que não oferecem segurança alguma e onde situações como esta de desrespeito a pessoa humana, a vida humana, onde a a sobreposição de interesses pessoais (ou políticos mesquinhos) ocorrem bem nas nossas testas, a cada dia, a cada minuto, a todo instante. Seja nos hospitais, seja em uma fila de estacionamento, seja em uma farmácia.Sem "alvarás de funcionamento" que dê jeito.


Acenda sua vela e ore, chore, lamente... peça a Deus misericórdia...

A idéia é que com isso algo mude, em você (em nós!) . Quem sabe assim como em um instante iluminado possamos transcender a avidya como chamam os budistas, esse nosso completo estado de ignorância a respeito da realidade.

Depois vá a "Central do Carnaval", pegar seu abadá de R$ 1.500,00 reais (ou sei lá eu quanto) do "Bloco Eva", "Chiclete" ou "Crocodilo" "Cheiro de Amor"  curtir a noite inteira e viver essa vidinha vazia e sem escrúpulos que carcomiza nossa existência hipócrita, egoísta e mundana.

 

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