quarta-feira, 6 de março de 2013

“Estou apenas fazendo o diabo, como a Dilma”


Por Reinaldo Azevedo 

Se, na próxima eleição, um petista, um aliado ou um adversário forem flagrados fabricando falsos dossiês, grampeando telefones, manipulando caixa dois, nada a estranhar. Eles poderão dizer: “Que é isso, gente? Estou apenas ‘fazendo o diabo’, como disse Dilma Roussseff, a pensadora da democracia”.

Os nossos sensores — os do país e os da imprensa em particular — para as práticas e as falas que ofendem a ordem democrática estão prejudicados. É evidente que a declaração da presidente é grave. A um só tempo, significa uma confissão e um convite. Mas foi tratada como coisa corriqueira.

Imaginem o que significa “fazer o diabo” no Brasil profundo, lá onde chega a reprodução da notícia, mas onde não se produz notícia — e o “diabo” permanece oculto sob o manto do quem pode mais.

Quando o governo federal, diga-se, financia, por meio de estatais e da administração direta, uma súcia de difamadores e pistoleiros para atacar a oposição e a imprensa independente, está apenas “fazendo o diabo”, mesmo fora do processo eleitoral.

Quem “faz o diabo” para se eleger “faz o diabo” para formar a base de apoio e “faz o diabo” para governar.
Fico cá pensando na queda, em 1994, do ministro Rubens Ricupero, então ministro da Fazenda. Quem liderou a campanha foi o PT, partido de Dilma Rousseff, aquela que admite “fazer o diabo”.

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