Nos meus idos marxistas, no tempo em que se dizer marxista não remontava ideologias perdidas e partidos corruptos sempre achei que o ser humano seria mais importante que o objeto, que as coisas. E a figura do mendigo era tão somente um subproduto do capital, ou seja, não se "é" mendigo, mas se "está" mendigo por uma série de demandas e em função de um modelo que cria a imagem do mendigo, em um correlação de forças, de reestruturação produtiva à crise do capital, enfim.
Também nos idos marxistas havia o entendimento de que a religião cumpre sua função social de alienar, adestrar e de conter o indivíduo, catequizando-o, doutrinando-o.
Pois foi entre um dos discursos do "Santo Padre" em visita ao Brasil, em sua pregação de amor e de caridade cristãs, em um silencio escabroso e vergonhoso de uma das madrugadas mais frias da selva de pedra paulista morador de rua agonizava em uma cena nada cristã. Não, nenhuma mão samaritana apareceu, muito menos um morador qualquer da região a estender-lhes os braços, ou as mãos...com um café quente, talvez. Nenhum abrigo, nada. Seria a banalização da vida ou da morte? Ou seria a banalização do ser humano?
Entre as subjetivações religiosas e as objetivações do capital privado prevalesceu a metafísica da alma que abandonou o corpo deixando-o inerte e duro, que veio a óbito pela manhã, já não agonizava mais. Nem respirava, nem sentia.
E é no hiato entre a opulência e a ostentação da dimensão e manifestação de um fenômeno da cultura humana a trazer uma mensagem de igualdade e de desapego na figura do seu representante mais importante - o Papa - e a morte de um mendigo abandonado a ermo em uma ponta de esquina da capital paulista que percebemos o quanto estamos distantes ainda de contemplarmos um mundo que respeite o princípio da equidade, do amor e da solidariedade humanas, para além da retórica e dos discursos. Para além das palavras...
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