Já que as pessoas gostam
de terminar o ano com mensagens, registrarei a minha. Quando um ano
termina encaminha-se para o seu final e o novo ano se aproxima é comum
que olhemos para a história vivida e pensemos sobre a história que está
por ser feita. E isso nos leva a pensarmos sobre o que temos sido e o
que poderemos ser. Nesse sentido, gostaria de terminar o ano de 2013
reafirmando que SOU COMUNISTA. O que
isso significa para mim? Em primeiro lugar que acredito na capacidade do
gênero humano tomar coletivamente em suas mãos a direção da sociedade.
Na atualidade essa direção é decidida em função dos interesses
econômicos, ou melhor, os interesses do capital. Não existe nenhum deus a
decidir sobre os rumos do universo e sobre os destinos da humanidade.
São os próprios seres humanos que aceitam diariamente se submeter ao
domínio do capital. Isso pode mudar. Mas quando penso em comunismo, não
tenho em vista nenhuma das tentativas de construção do socialismo que
ocorreram no século XX, a despeito da importância que tenha aprender com
os sucessos e os fracassos dessas tentativas. Minha referência para
pensar o comunismo são as possibilidades concretas que existem na
própria sociedade capitalista mas que essa mesma sociedade impede que se
efetivem. Existe a possibilidade de nenhum ser humano passar fome.
Existe a possibilidade de todos os seres humanos terem moradia digna,
transporte digno, saúde digna e educação nos mais altos níveis da
produção cultural existente. Existe a possibilidade da humanidade se
relacionar de forma não destrutiva com a natureza. Existe a
possibilidade de cada indivíduo se realizar plenamente por meio da
atividade que escolher livremente para ser a principal atividade de sua
vida. Existe a possibilidade das relações humanas terem valor por si
mesmas e não serem meios para as pessoas alcançarem finalidades
egoístas. Existe possibilidade das pessoas se tornarem indivíduos plenos
de conteúdo humano e deixarem sua marca individual no mundo e não serem
valorizadas pelo dinheiro que possuam. Existe a possibilidade da vida
humana fazer sentido sem que as pessoas precisem acreditar em outra
vida. Existe a possibilidade de sermos felizes simplesmente porque
amamos e somos amados. Simplesmente porque somos humanos. A
concretização dessas possibilidades que são reais coloca à humanidade o
desafio de se libertar das ilusões produzidas pela sociedade capitalista
e se libertar da sociedade capitalista que, para continuar a existir,
precisa alimentar todo tipo de ilusões.
Professor Newton Duarte é Doutor em Educação
Nascido na cidade de São Paulo em 1961, graduou-se em Pedagogia pela Universidade Federal de São Carlos em 1985 e obteve o título de Mestre em Educação pela mesma universidade em 1987. Defendeu sua tese de doutorado na Faculdade de Educação da UNICAMP, em 1992. Desde 1988 é docente da UNESP e leciona no campus de Araraquara. Nesta universidade obteve, em 1999, por meio de concurso público, o título de Livre-Docente em psicologia da educação e em 2009, também por meio de concurso público, foi nomeado para o cargo de Professor Titular. É bolsista de produtividade em pesquisa pelo CNPq desde 1993. De agosto de 2003 a junho de 2004 realizou pós-doutorado na Universidade de Toronto, Canadá, com bolsa da CAPES. Recebeu bolsa de Estágio Sênior pela mesma instituição para desenvolver pesquisa de agosto de 2011 a julho de 2012, como Visiting Research Fellow na Universidade de Sussex, Inglaterra. Coordena o grupo de pesquisa Estudos Marxistas em Educação que conta com pesquisadores de várias universidades brasileiras. É autor de livros, capítulos de livros e artigos, publicados no Brasil e no exterior. Entre seus trabalhos destacam-se os livros: A Indvidualidade Para-Si (1993), Educação Escolar, Teoria do Cotidiano e a Escola de Vigotski (1996), Vigotski e o Aprender a Aprender: crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana (2000); Sociedade do Conhecimento ou Sociedade das Ilusões? (2003); Crítica ao Fetichismo da Individualidade (2004); Critical Perspectives on Activity: Explorations across Education, Work and Everyday Life (2006) co-editada com Peter Sawchuk e Mohamed Elhammoumi; Arte, Conhecimento e Paixão na Formação Humana: Sete Ensaios de Pedagogia Histórico-Crítica (2010) em coautoria com Sandra Della Fonte; A Pedagogia Histórico-Crítica e a Luta de Classes na Educação Escolar(2012) em coautoria com Dermeval Saviani. Seus atuais projetos de pesquisa são: 1) Arte e formação humana em Lukács e Vigotski 2) A perspectiva marxista em educação e as pedagogias contemporâneas
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