A artista é um dos maiores ícones dentro da Igreja Anglicana. Formada
em Teologia em Oxford, na Inglaterra, Beeching também se popularizou ao
comentar aspectos religiosos do dia a dia, conquistando hordas de
fieis. Escrevendo canções gospel desde os 11 anos, a cantora já fechou
contrato com duas gravadoras internacionais e vendeu milhões de discos
no chamado “Cinturão da Bíblia” dos Estados Unidos.
Na entrevista,
Beeching diz que foi criada por pais evangélicos conservadores. Na
escola, livros diziam que a homossexualidade era pecado, “coisa do
demônio”. Mas isso não foi o suficiente para que ela não começasse a se
sentir atraída por outras meninas, ainda aos 12 anos: - Perceber
que eu estava atraída por elas foi uma sensação horrível. Eu estava tão
envergonhada! Era uma luta, porque eu não podia contar a ninguém –
confessou.
Ao se dar conta de sua homossexualidade, Beeching
entrou em depressão, acreditando que estava pecando e que não poderia
ser “curada”. Aos 13, ela chegou a pedir a Deus que ou tirasse a vida
dela, ou a atração por outras meninas. Com 16, durante uma colônia de
férias cristã no interior da Inglaterra, a cantora chegou a se submeter a
uma sessão de exorcismo, em vão.
- Lembro de muitas pessoas
colocando as mãos nos meus ombros, orando muito alto e, em seguida,
gritando coisas tipo: 'Nós ordenamos que Satanás saia! Saia fora, corja
de demônios! Nós falamos a vocês, demônios da homossexualidade: deixem a
menina em paz!'.
Isso foi a gota d`água para Beeching, que se
sentiu humilhada com a situação. Na entrevista, a cantora contou que o
episódio serviu para que ela se tornasse mais introspectiva, buscando
outras soluções por conta própria. Dedicou-se aos estudos, formando-se
em Teologia em Oxford e seguindo logo depois para Nashville, no
Tennessee, atraída pela carreira de compositora. Por lá, imersa no
centro do conservadorismo evangélico americano, gravou discos e
percorreu grandes igrejas do país para mostrar suas canções.
Cantora gospel já vendeu milhões de discos nos EUA - Divulgação |
Mas
amores frustrados por amigas e outras mulheres a perseguiam como uma
sombra. Nesse meio tempo, Beeching teria tentado até começar
relacionamentos com homens, todos sem sucesso.
Em 2008, aos 29
anos, ela decidiu se mudar para a Califórnia, esperando que San Diego
fornecesse um ambiente mais liberal. Mas este foi o ano em que a
Proposição 8, lei estadual que proíbe o casamento homossexual, estava
para ser votada. Em paralelo, Beeching cumpria sua série de shows
agendados em igrejas do estado.
No início de 2014, a artista
descobriu ter uma doença rara de pele, que deixava a epiderme com marcas
de cicatriz, podendo levar até a morte. Durante uma sessão de
quimioterapia, a cantora pensou consigo mesmo que deveria resolver sua
situação pessoal. Ela já tinha 35 anos:
- Olhei para o meu braço
com a agulha da quimioterapia, olhei para a minha vida, e pensei: 'tenho
que entrar em acordo com quem eu sou' – afirmou Beeching na entrevista.
- Trinta e cinco é metade de uma vida, e eu não posso perder a outra
metade. Perdi tanta vida como uma sombra de uma pessoa.
Até então,
Beeching nunca tinha mantido um relacionamento homossexual. O
tratamento da doença a fez refletir e aceitar gradualmente sua
homossexualidade. Na Páscoa, ela revelou aos seus pais a situação, que
acabaram se desculpando por fazerem ela passar pelos constrangimentos.
Beeching e eles concordaram em discordar sobre a teologia.
Ao final da entrevista, a cantora afirmou que espera agora que a Igreja Anglicana siga o exemplo acolha fieis homossexuais.
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