O Ministério Público, o Banco
Central, a Advocacia Geral da União e a Comissão de Valores Imobiliários estão
investigando mais um truque do governo Dilma para maquiar o resultado das
contas públicas. Desta vez, o alvo das manobras são os bancos estatais - Caixa,
Banco do Brasil e BNDES - que estão sendo usados para inflar o parco superávit
primário do governo petista.
A confusão e irresponsabilidade
são grandes, mas o esquema é de simples compreensão. Os bancos públicos são
responsáveis pelo pagamento de subsídios diversos e benefícios sociais do
governo federal como seguro-desemprego, abono salarial e Bolsa Família, e devem
receber do Tesouro os valores efetivamente pagos. Para melhorar sua
disponibilidade em caixa, o Tesouro está atrasando esses repasses. São
compromissos que precisam ser honrados, mas são adiados e empurrados para a
frente para ludibriar a opinião pública e esconder o rombo fiscal do governo.
Como exemplo, apenas no primeiro
semestre a CEF pagou R$ 12 bilhões em benefícios do Bolsa Família, e o Tesouro
repassou ao banco apenas R$ 11 bilhões. Essa diferença é bancada pela CEF com
recursos próprios.
Pequenas diferenças e oscilações
de saldo positivo e negativo são normais. Porém, este ano os saldos negativos
tornaram-se mais frequentes e de maior valor. O acumulado da dívida do Tesouro
com os bancos não para de crescer, e está em patamar muito superior aos
verificados no mesmo período do ano passado.
O valor das contas penduradas
impressiona. A Caixa tem R$ 3,9 bilhões a receber do Tesouro. No BNDES, o
repasse pendente para bancar os créditos subsidiados já atingiu R$ 21,6
bilhões. Já no Banco do Brasil, o atraso de R$ 8 bilhões em repasses de
subsídios agrícolas levou o caso à CVM. Por ser empresa de economia mista com
ações negociadas em bolsa, a manobra contraria os interesses dos acionistas
minoritários. O governo pode ser responsabilizado.
O Banco Central abriu uma
fiscalização contra a CEF para verificar a ocorrência de financiamento indireto
ao Tesouro - uma ilegalidade expressamente proibida pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. Como a situação vem gerando desconforto no banco, a
investigação se tornou uma oportunidade de pressionar o Tesouro pelo fim das
manobras. O presidente da CEF, Jorge Hereda, recorreu à arbitragem da Advocacia
Geral da União, em uma estratégia para reduzir contratualmente os prazos de
pagamento do governo.
A atuação do Banco Central
evidencia uma guerra interna no governo. Por meio da vigilância sobre os
repasses, o Bacen está acuando o Tesouro em relação às manobras fiscais que
implodiram a confiabilidade das contas públicas.
O próprio governo Dilma, em
portaria do ano de 2012, estabeleceu prazo de até dois anos para reconhecimento
de dívidas lançadas pelos bancos públicos contra o Tesouro. Às vésperas das
eleições e com resultados fiscais desastrosos, essa permissão está sendo usada
para jogar as contas atrasadas para o próximo governo.
O Ministério Público também
entrou em cena para coibir mais um malabarismo fiscal espalhando tentáculos por
várias estatais. Foi pedida abertura de investigação ao Tribunal de Contas da
União. O cerco, enfim, está fechando.
O mais incrível dessa mutreta é
que mesmo com todos os artifícios o superávit fiscal do governo central, no
primeiro semestre, foi de apenas R$ 17,2 bilhões, o menor para o primeiro
semestre desde 2000. Pela dimensão dos atrasos, que superam R$ 30 bilhões, é
evidente que o governo Dilma apresentaria resultados ainda mais desastrosos sem
essas "contas penduradas" sob suspeição. Dilma é tão incompetente que
mesmo com truques contábeis ainda conseguiu apenas o pior resultado da
história.
Acuada pelos fatos, a presidente
se limitou a responder, com mau humor: " “Meu querido, eu não concordo com
essa análise. Não concordo, não concordo, sinto muito.” Como se ao repetir
várias vezes a negação, o problema se resolvesse. Explicação mesmo, não
apresentou. É por essas e outras que o pessimismo com a economia não para de
crescer.
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