Jaques Wagner pediu impeachment contra Itamar Franco e FH
Em discurso, senadores falaram sobre reportagens de jornal da época
BRASÍLIA - Irritados com acusações de golpismo em discursos de
senadoras governistas indignadas com o pedido de impeachment da
presidente Dilma Rousseff, os senadores Ana Amélia (PP-RS) e Lasier
Martins (PDT-RS) foram à tribuna para mostrar registros da época em que o
PT e o então deputado Jaques Wagner, hoje o principal articulador do
governo para barrar o processo aberto na Câmara, protocolaram pedidos de
impeachment contra os ex-presidentes Itamar Franco e o recém-eleito
Fernando Henrique Cardoso. Da tribuna, Lasier aproveitou para convocar
“o clamor das ruas” a engrossar um movimento pró-impeachment.
A reprodução da manchete de um jornal do dia 30 de junho de 1993
exibida por Lasier Martins no plenário dizia: “PT pede impeachment de
Itamar Franco. O deputado federal Jaques Wagner (PT-BA) protocolou
ontem, na Presidência da Câmara, um pedido de abertura de processo de
impeachment contra o presidente Itamar Franco. Wagner usou como base
para fazer o pedido o fato de o ministro-chefe da Casa Civil, Henrique
Hargreaves, ter submetido a MP do Plano Real à análise do comando da
campanha de Fernando Henrique Cardoso”.
— Tem mais: dia 29 de abril de 1999, pedido de impeachment de
Fernando Henrique Cardoso. Quem está nessa foto, visitando Michel Temer,
presidente da Câmara dos Deputados? Estão ali Marina Silva, Michel
Temer que recebe o pedido; Agnelo Queiroz, José Dirceu, Lula e Miguel
Arraes. Pediam o impeachment de Fernando Henrique Cardoso. Por isso, eu
digo que, na falta de melhores argumentos, recorre-se ao argumento do
golpe. Agora virou argumento de ocasião: dependendo da circunstância, é
golpismo — discursou o senador gaúcho .
Também da tribuna, a senadora Ana Amélia também lembrou que o então
deputado Tarso Genro (PT-RS) escreveu um artigo publicado na Imprensa
com o mote: impeachment já ao Fernando Henrique.
— E Fernando Henrique tinha recém saído das urnas. Nada como um dia
depois do outro. Tarso Genro, que Vossa Excelência conhece, foi ministro
da Justiça, governou o Rio Grande e escreveu um artigo pedindo
impeachment já de Fernando Henrique Cardoso. Não eram golpistas —
discursou Ana Amélia.
A senadora gaúcha rebatera discursos das senadoras Vanessa Grazziotin
(PCdoB-AM), Gleisi Hoffman (PT-PR) e Fátima Bezerra (PT-RN), chamando
de golpistas os apoiadores do pedido de impeachment de Dilma.
— Quero dizer que não vamos aceitar, depois de 51 anos, mais um golpe
contra a democracia, contra a soberania popular, contra o voto de 55
milhões de eleitores que elegeram Dilma Rousseff, uma mulher que
enfrentou os brucutus nos porões da ditadura militar aos 19 anos. Não
será agora, na democracia, como Chefe da Nação, que esses inimigos do
povo e da democracia irão derrubá-la. Não passarão — discursara Fátima
Bezerra antes de Ana Amélia, que rebateu:
— Eu não sou golpista! É lamentável que as pessoas se sucedam na
tribuna e não aceitem o debate democrático. Nenhum de nós , muito menos
eu , está julgando a figura e a biografia da Presidente da República
Dilma Rousseff. Não se trata disso! Trata-se de avaliar, de analisar a
representação que chega à Câmara!
— Vamos fazer esse julgamento da forma mais democrática possível.
Agora, querer dizer que qualquer coisa aqui é golpe, é golpe, é golpe?
eu também, assim como diz Vossa Excelência , não posso aceitar — apoiou o
senador Valdemir Moka (PMDB-MS).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui sua opinião!