Tenho um colega que comprou um carro novo. Normal, pois um veículo hoje em dia otimiza e muito o tempo, principalmente de quem trabalha em lugares diferentes no mesmo dia. Mas ai uma peça do carro quebrou, repito, uma única peça quebrou e ele não tinha condições de pagar o valor da peça nova, cerca de 3 mil reais, o que fez ao mesmo, embora tendo um carro novo, continuando andar a pé, ou de ônibus. Em seguida, após arrumar o veículo, teve o veiculo apreendido por que estava com débitos de licenciamento.
Eu me pergunto: não teria sido melhor para este meu colega ter um carro mais simples, usado, onde o mesmo tivesse condições de pagar os custos de manutenção e os encargos do DETRAN? Qual a lógica, senão a de uma personalidade contaminada por um alto grau de alienação, de se possuir um bem que não se tem, por parte do seu detentor, nenhuma condição de mantê-lo. E o que é pior, a troco de quê?
Assim como usar relógio, pelo menos para mim, é completamente desnecessário nos dias de hoje, comprar um carro novo sem ter condições de colocar sequer o combustível, é absurdo!
Assim como usar relógio, pelo menos para mim, é completamente desnecessário nos dias de hoje, comprar um carro novo sem ter condições de colocar sequer o combustível, é absurdo!
Nos estudos da filosofa húngara Agnes Heller, citada na obra "Sobre o Construtivismo" do professor Newton Duarte, em sua fase ainda marxista, a mesma afirma que as sociedades tradicionais tem tão somente na necessidade ou carência de algo o impulso para o consumo ou aquisição de algo.
Segundo a filosofa húngara, as sociedades pré-capitalistas orientavam-se
para o passado. Numa estrutura social como aquela, portanto, a tradição adquiria uma maior importância. E, deste modo, a vida das gerações daquela época orientava-se, essencialmente, pelas atitudes, pelos valores, dos seus antepassados. Com o advento da ascensão da burguesia e a consequente modificação nas estruturas sociais,começa a se impor uma nova forma de orientação: o futuro é quem passa a guiar a vida dos indivíduos. Com o capitalismo, a produção humana se torna indefinida, não se limitando mais
ao essencial, a satisfação das necessidades imediatas dos homens. Isto, por sua vez, determina nos homens uma necessidade de modificarem, renovarem, transformarem continuamente, tanto a si mesmos quanto a própria sociedade e esta necessidade de transformação, segundo Heller, seria uma das maiores conquistas da humanidade. Todavia, com a crescente alienação, fenômeno este intrínseco às relações capitalistas de produção, deu-se também a alienação desta forma qualitativamente nova de guiarmos nossas vidas. A orientação para o futuro aliena-se e transforma-se em moda, na necessidade
de não ficarmos atrasados em relação aquilo que esteja na moda, ao que existe de novo na nossa sociedade. Portanto, a moda e os modismos são sempre e necessariamente fenômenos de alienação. Em outras palavras, um olhar alienado para aquilo que se apresenta como o que há de novo na sociedade. Para Heller, esse processo teria relações diretas com a estereotipia dos sistemas funcionais da nossa sociedade, com a conversão de certos tipos de comportamentos, na sociedade burguesa, em "papéis"
para o passado. Numa estrutura social como aquela, portanto, a tradição adquiria uma maior importância. E, deste modo, a vida das gerações daquela época orientava-se, essencialmente, pelas atitudes, pelos valores, dos seus antepassados. Com o advento da ascensão da burguesia e a consequente modificação nas estruturas sociais,começa a se impor uma nova forma de orientação: o futuro é quem passa a guiar a vida dos indivíduos. Com o capitalismo, a produção humana se torna indefinida, não se limitando mais
ao essencial, a satisfação das necessidades imediatas dos homens. Isto, por sua vez, determina nos homens uma necessidade de modificarem, renovarem, transformarem continuamente, tanto a si mesmos quanto a própria sociedade e esta necessidade de transformação, segundo Heller, seria uma das maiores conquistas da humanidade. Todavia, com a crescente alienação, fenômeno este intrínseco às relações capitalistas de produção, deu-se também a alienação desta forma qualitativamente nova de guiarmos nossas vidas. A orientação para o futuro aliena-se e transforma-se em moda, na necessidade
de não ficarmos atrasados em relação aquilo que esteja na moda, ao que existe de novo na nossa sociedade. Portanto, a moda e os modismos são sempre e necessariamente fenômenos de alienação. Em outras palavras, um olhar alienado para aquilo que se apresenta como o que há de novo na sociedade. Para Heller, esse processo teria relações diretas com a estereotipia dos sistemas funcionais da nossa sociedade, com a conversão de certos tipos de comportamentos, na sociedade burguesa, em "papéis"
Sobre o construtivismo: contribuições a uma análise crítica Newton Duarte (org.).
Campinas. SP: Autores Associados, 2000. (Coleção polêmicas do nosso tempo: 77)
Campinas. SP: Autores Associados, 2000. (Coleção polêmicas do nosso tempo: 77)
Se pensarmos os modismos e aqui não me refiro a apenas um ou outro modismo,veremos incrustado nele um forte apelo ao consumo, ao fetiche representado pelo consumo e seu significado perante o poder do capital. Juntemos isso ao prazer hedônico de uma sociedade frenética e superficial, teremos o prato feito das relações ligeiras, dos amores "líquidos" e de uma humanidade patológica dos dias atuais onde o ter é mais importante do que o ser!
E meu colega continua a pé e pegando ônibus...