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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Brasil ainda é um país racista!


Os Negros foram os únicos povos que tiveram associados a cor da pele para identificá-los ao invés de sua origem histórica. Preto é uma cor. Não uma raça!

O termo Negro refere-se ao latim "Necros" (Necrose, morto, apodrecido). Foi a forma que os povos lusitanos encontraram para se referir na época da escravidão negra aos povos de origem africana.
No Brasil, na época da colonização, em função do discurso mentiroso de que os indígenas não se adaptavam ao trabalho escravo nas lavouras de cana-de-açúcar e influenciados pelos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega é que a escravidão negra vai ser legitimada pelo discurso religioso onde a figura do negro vai estar associado ao necros, ao morto, a escuridão.


Sim! Se você pesquisar e ler em boas bibliografias vai aprender que a igreja católica foi uma das instituições que mais legitimaram o comércio e a prática da escravidão negra. Algumas escolas e alguns gestores não gostam de dizer isso. Por isso que no Brasil o racismo é velado! O que dizer então da perseguição ao cultos afros desde os idos da colonização portuguesa? Todo mundo se lembra do processo de catequização a que fora imposto os negros, não é? Já ao desembarcar dos navios negreiros vindos da África? Alguém lembra? Alguém leu sobre isso? Sabe por que a mudança do nome feita já no porto de desembarque transformou tantos "Kunta Kintês" em "Pedro", "José", "Silva" e "dos Santos" para os homens e "Maria", "Conceição", "Fátima" para as mulheres?

Hoje em dia ao contrário da igreja católica vemos as religiões de cunho protestante pregarem a intolerância religiosa, às manifestações das entidades dentro dos terreiros e centros de religiões de matriz africana. Muitos destes se utilizam de horários nobres em televisão, pagos pelos dízimos de seus fiéis alienados e se aproveitam de pessoas que não estão em um estado de zelo, de cuidado, de vigilância com relação aos assuntos da alma, da fé e da espiritualidade para se projetarem na mídia em uma espetacularização absurda e demente concebida tão somente em mentes entorpecidas pelo orgulho e não pelo amor pregado por Jesus.

Como o branco era a representação do divino, do puro e do belo, em oposição, o preto associado a cor da pele da raça negra representaria a escuridão, a ignorância, ao que não presta! Não é a toa que durante a escravidão (quem leu Casa Grande e Senzala do Gilberto Freire pode atestar) por exemplo, escravos negros eram tratados como animais, muitos deles usavam correntes amarradas nas suas canelas ou no pescoço ligadas ao nariz etc.

Nos Estados Unidos houve época que um negro não podia sentar no mesmo lado do banco de um branco dentro de um ônibus em alguns estados. Que um negro sequer poderia frequentar a mesma escola que um indivíduo da cor branca.

Aqui no Brasil o racismo segue velado e o que é pior, há o racismo do negro contra o negro.

Enquanto educador, na minha área de conhecimento, e contra uma dicotomia no aprendizado, sempre estabeleci a importância de se cultivar a ancestralidade como forma de se estabelecer os paradoxos e as contradições para a partir daí fazermos os devidos questionamentos. Nesse sentido, na disciplina de dança, ritmo e movimento coloco o maculelê, o samba de roda, o samba de quixabeira, a capoeira como conteúdos legítimos de uma cultura, não uma cultura popular tão somente, mas de uma cultura de resistência de seres humanos que antes livre se viram escravizados por outros serem humanos em função da cor de sua pele e foram açoitados, torturados, assassinados, humilhados e que sofrem até hoje a discriminação e o alto grau que pode chegar a ignorância.

Sou Negro com muito orgulho e esse orgulho ninguém me tira!