Renato Duque, ao lado de Dilma, em 2004 |
A população brasileira está
“estarrecida”, como diria Dilma. Nunca antes na história deste país se
viu somas tão vultosas desviadas em um esquema de corrupção. Ninguém
sabe ao certo quanto a quadrilha que operava na Petrobras roubou, mas o
relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informa
que foram movimentados, em valor bruto, ao menos R$ 23,7 bilhões entre
2011 e 2014 de forma suspeita por pessoas físicas ou jurídicas
supostamente envolvidas no Petrolão. Só em espécie foram quase R$ 1
bilhão:
Nos
relatórios do Coaf aparecem os nomes de 4.322 pessoas e 4.298 empresas
que, de alguma forma, participaram da movimentação da montanha de
dinheiro, parte dele de origem ilegal, vinculados a negócios da
Petrobras. O Coaf deixa claro, no entanto, que os números não são
valores absolutos. Em algumas situações nomes de pessoas e empresas são
mencionados várias vezes. A soma total envolve saques e depósitos. Mas,
ainda assim, as cifras são consideradas estratosféricas até mesmo para
autoridades acostumadas a lidar com dados expressivos.
Quando lembramos dos “anões do
orçamento”, ou então do motivo pelo qual o ex-presidente Collor sofreu
impeachment – a compra de um Fiat Elba – é realmente de cair o queixo.
Aquela turma de antes era aprendiz perto da máfia hoje no poder. Eram
ladrões de galinha! O PT conseguiu banalizar a corrupção no Brasil. Não a
inventou, claro, mas a levou a patamares inacreditáveis, e tudo feito
na maior tranquilidade, certos da impunidade.
A maior evidência até agora de que os
montantes desafiam qualquer limite do imaginável está no compromisso
firmado pelo gerente Pedro Barusco, que era subalterno do diretor Renato
Duque, homem indicado por José Dirceu na estatal. Para sua delação
premiada, Barusco aceitou devolver US$ 100 milhões. Isso mesmo: cem
milhões de dólares! Quanto será que Duque desviou? E quanto foi parar
nas contas de petistas na Suíça?
Os responsáveis pelas investigações
necessitam de todo apoio possível da sociedade. Enfrentam uma quadrilha
muito poderosa, e ainda precisam encarar uma “opinião pública”
anestesiada, sonolenta, hipnotizada pela campanha mentirosa do PT, de
que “todos são iguais”, de que “todos roubam”, e de que ao menos esse
governo fez muito pelo “social”. Quem cai nessa ladainha é muito
inocente mesmo, ou cúmplice da máfia.
Não importa que outros partidos e
governos também tenham roubado. Não importa que o PT distribuiu esmolas
para os mais pobres. O que está em jogo é o futuro de nossa democracia e
de nossos valores. Que mensagem queremos transmitir para nossos filhos e
netos? Que tudo bem desviar bilhões dos recursos públicos, desde que dê
o Bolsa Família para cada vez mais gente? É isso mesmo que o leitor
quer repetir para os filhos?
Quem ainda tem vergonha na cara e um
pingo de juízo está chocado com a ousadia dos canalhas, indignado com a
pilhagem que a quadrilha fez em nossas empresas, e quer justiça, punição
severa, para combater a impunidade e fortalecer nossas instituições
democráticas. Já quem busca relativizar ou minimizar tudo isso que está
acontecendo abandonou qualquer resquício de ética e debandou para o lado
de lá, daqueles que acham normal roubar, desde que deixe algumas
migalhas no caminho para os mais pobres…
Rodrigo Constantino