Domingo passado quando fui montar a árvore de Natal aqui de minha casa fui tomado de súbito por uma certa nostalgia. É que montar árvore de Natal antigamente fazia parte de todo um ritual da época e das famílias, hoje tão esfaceladas, desunidas em sua maioria!
Antigamente se lançava mãos a escolha primeira de um belo galho de árvore. Não poderia ser qualquer galho. Teria que ser um que possuísse a rigidez necessária e pequenas ramificações onde seriam penduradas as bolas. Um galho novo, firme, não muito grande mas também não muito pequeno. Cerca de um metro, metro e meio.
Depois de trazido para casa seria limpo, aparado. E então poderíamos lançar mão de rolos de algodão para encobrir-lhe a pele. Era nesse aconchego que a árvore ia tomando forma e era montada. A impressão era que ela pedia o afago. A beleza de suas curvas culminava com o aporte do algodão que recebia como veste.
"Que lindeza!".
Todos celebravam e ajudavam. A mão sábia de minha mãe com o concurso dos ajudantes, que lhe passavam as bolas de vidros das árvores de Natal, todas coloridas e frondosas, maiores, menores e os demais apetrechos. era tudo muito lindo. Surreal. E o "pisca-pisca" era o toque magistral, a culminância da obra!
Tão diferente das de hoje, embaladas em um papelão. Travestidas de tecnologia "plug and play" e de sua frieza nos arames e nos apetrechos prontos. Em meia hora montei toda. E ficou bela, porem muda! Não dizia muito. No canto, parecia perguntar o que fazia ali. Faltou alguém dizer-lhe que é Natal. Alguém que lhe desse o sentido, e vida... apesar de seus apetrechos, piscas e luminosidades.
Não tive coragem de perguntar! Éramos estranhos!