Devido a uma confusão que culminou com a necessidade de minha mãe procurar a certidão de óbito de meu pai de maneira inusitada e inesperada sou surpreendido com o fato dela, minha mãe, ter encontrado, entre as fotos que mantêm guardadas nos diversos albuns que possue, uma foto que me surpreendeu muito e que ela mesma, esquecera que possuia - cópia impressa de unica foto que tenho - foto de minha filha - ainda comigo, aos 2 anos de idade, no meu colo.
Se eu chorei? Secaram-se as lágrimas. Lá se vão longos e infindáveis 11 anos desde que essa foto foi tirada. Na época era seu aniversário, lembro bem,
Sobre a invisibilidade do vísivel, essa foto clama "ululante" e de forma eloquente por um tempo que não voltará nunca mais.
No olhar singelo de tão puro anjo o peso que pagou e ainda paga de ter sido tirada do próprio pai.
Ensina essa foto sobre o amor e a falta dele. Sobre mentiras... injustiça, o engano, o engôdo. Grita sobre a perversidade e tirania, ingratidão e infidelidade.
Mas também me trouxe recordações lindas de quando a colocava para dormir no meu colo e a fazia ninar e muitas vezes dormia sentado para que ela pudesse ficar no seu sono tranquilo até dormir. Lembro de quando brincávamos juntos na sala de estar ou na frente da garagem da casa. Quando víamos televisão juntos chupando uva. Quando íamos à feira aos domingos bem cedinho ver os passarinhos, canários, pinta-silgos, que choravam presos engaiolados a canção linda que lhes saiam da garganta, único gesto que sabiam pra fazer aliviar sua dor, dor da prisão, prisão em que se encontrara, como que antevendo a minha dor, e a minha prisão. Prisão que me encontro, até hoje.
Seu pezinho e mãozinha, seu cheiro de nenê, seu primeiro "cocôzinho" que eu fiz ela fazer e de como foi divertido as "carinhas" em seu rosto. Seu mêdo do "tchutchucão" da Xuxa e curiosamente de uma estatuêta que tinha na entrada da casa da minha mãe.
Quando começou a falar, a andar... seus primeiros rabiscos. Desconfio que seria canhota, não sei. Quem sabe? Só Deus. Me acordava e me chamava para tomar café...
Um dia, em outra vida, haveremos de nos encontrar, não mais como pai biológico mas como almas que um dia se cruzaram por pequenos espaços de tempo, dois anos, onde haverei de novo de sentir sua brisa e de te abraçar, demonstrar todo amor que um dia tive e do qual você foi o resultado.
Não serei o primeiro, muito menos o ultimo e então o supremo mestre de nossas vidas julgará os nossos atos e mediará a justiça que tanto clamo e que um dia virá, tenho fé.
Fica com Deus meu amor. Minha vida que tive ... nunca, jamais, por nenhum segundo, te esquecerei.
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