Falta de ambulâncias, falta de médicos, demanda maior que a oferta de atendimento e espera, longa espera. Estes problemas que afligem a saúde pública em todo o país não são diferentes na Bahia e atormentam a vida daqueles que precisam de hospitais, clínicas e postos.
Na manhã deste sábado (20), uma foto, um idoso
deitado em uma cama sobre um caminhão, estacionado na porta do Hospital
do Subúrbio, em Salvador, revela a situação caótica e desesperadora do
paciente.
Ainda com identidade desconhecida, o paciente agonizava em cima do caminhão com uma fratura de fêmur, com tração trans-esquelética instalada na tíbia esperando o atendimento.
Ainda com identidade desconhecida, o paciente agonizava em cima do caminhão com uma fratura de fêmur, com tração trans-esquelética instalada na tíbia esperando o atendimento.
Sem
poder se levantar e apenas à mercê do atendimento médico para se
locomover, o idoso aguardou por horas um serviço dentro de casa, mas não
havia ambulância disponível que o pudesse levar até o hospital. Na
angústia do paciente, familiares e amigos conseguiram um caminhão e
colocaram a cama do idoso sobre o veículo, a fim de permitir a ida até a
unidade médica.
A secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) não soube dar esclarecimentos a respeito do caso.
Seja
no Estado ou no município, muitos agonizam para ter acesso a um direito
tasto mas, infelizmente, alguns não resistem à espera e morrem nas
longas filas. No mês passado, em Vitória da Conquista, no sudoeste da
Bahia, a dona de casa Maria de Lourdes, de 65 anos, morreu enquanto
esperava por cirurgia no Hospital Regional. Ela ficou quase 20 dias
deitada no corredor da unidade hospitalar e teve um acidente vascular
cerebral enquanto aguardava a cirurgia.
Por
meio de nota de esclarecimento, o Hospital Geral de Vitória da
Conquista informou que a paciente recebeu todos os cuidados médicos
necessários para o internamento e que a cirurgia ainda não havia sido
realizada porque existia uma fila de espera. Ainda de acordo com a
unidade de saúde, a prioridade é para os casos de maior gravidade. O
hospital disse ainda que esperava a melhoria no quadro clínico de Maria
de Lourdes, já que ela teve um AVC e precisava melhorar para fazer a
cirurgia.
Já
em Salvador, a falta de água impossibilita o atendimento na Unidade de
Saúde da Família Sergio Arouca, situado na Avenida Carioca de Paripe, no
bairro de Paripe, Subúrbio Ferroviário de Salvador. Um cartaz na porta
da unidade comunica o problema. A unidade está há 20 dias sem água.
Sem
direitos, sem atenção e sem melhorias que, de fato e de forma
significativa, atinjam a população - a criança, o jovem e o idoso que
precisam da saúde pública amargam sobre macas, caminhões, corredores,
chão, ruas e 'armengues' em um pedido de socorro que é sufocado,
esquecido e silenciado pelo poder público. E que, no fim, ainda pagam
com a própria vida.
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