sábado, 20 de julho de 2013

Retrato da saúde na Bahia: cama vira maca e idoso agoniza por atendimento

Falta de ambulâncias, falta de médicos, demanda maior que a oferta de atendimento e espera, longa espera. Estes problemas que afligem a saúde pública em todo o país não são diferentes na Bahia e atormentam a vida daqueles que precisam de hospitais, clínicas e postos.
 
Na manhã deste sábado (20), uma foto, um idoso deitado em uma cama sobre um caminhão, estacionado na porta do Hospital do Subúrbio, em Salvador, revela a situação caótica e desesperadora do paciente.

Ainda com identidade desconhecida, o paciente agonizava em cima do caminhão com uma fratura de fêmur, com tração trans-esquelética instalada na tíbia esperando o atendimento.
 
 
Sem poder se levantar e apenas à mercê do atendimento médico para se locomover, o idoso aguardou por horas um serviço dentro de casa, mas não havia ambulância disponível que o pudesse levar até o hospital. Na angústia do paciente, familiares e amigos conseguiram um caminhão e colocaram a cama do idoso sobre o veículo, a fim de permitir a ida até a unidade médica.
 
A secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) não soube dar esclarecimentos a respeito do caso.
 
Seja no Estado ou no município, muitos agonizam para ter acesso a um direito tasto mas, infelizmente, alguns não resistem à espera e morrem nas longas filas. No mês passado, em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, a dona de casa Maria de Lourdes, de 65 anos, morreu enquanto esperava por cirurgia no Hospital Regional. Ela ficou quase 20 dias deitada no corredor da unidade hospitalar e teve um acidente vascular cerebral enquanto aguardava a cirurgia. 
 
Por meio de nota de esclarecimento, o Hospital Geral de Vitória da Conquista informou que a paciente recebeu todos os cuidados médicos necessários para o internamento e que a cirurgia ainda não havia sido realizada porque existia uma fila de espera. Ainda de acordo com a unidade de saúde, a prioridade é para os casos de maior gravidade. O hospital disse ainda que esperava a melhoria no quadro clínico de Maria de Lourdes, já que ela teve um AVC e precisava melhorar para fazer a cirurgia.
 
Já em Salvador, a falta de água impossibilita o atendimento na Unidade de Saúde da Família Sergio Arouca, situado na Avenida Carioca de Paripe, no bairro de Paripe, Subúrbio Ferroviário de Salvador. Um cartaz na porta da unidade comunica o problema. A unidade está há 20 dias sem água.
 
Sem direitos, sem atenção e sem melhorias que, de fato e de forma significativa, atinjam a população - a criança, o jovem e o idoso que precisam da saúde pública amargam sobre macas, caminhões, corredores, chão, ruas e 'armengues' em um pedido de socorro que é sufocado, esquecido e silenciado pelo poder público. E que, no fim, ainda pagam com a própria vida.
 

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