"O país perde em vários sentidos quando parcela dos estudantes que cursaram os anos iniciais do ciclo básico abandona a escola", afirma jornal
Fonte: O Globo (RJ)
A cada nova bateria de dados sobre a Educação, a precariedade do Ensino
médio fica mais patente. O quadro não é desconhecido, mas preocupa, e
cada vez mais. Desta vez, o mensageiro das más notícias é o Censo da
Educação básica, de 2013.
Divulgado terça-feira pelo ministro da Educação, José Henrique Paim, o
levantamento confirma a tendência de parte ponderável dos formados no
ciclo fundamental se evadir da Escola. Enquanto 98% das crianças entre 6
e 14 anos estavam matriculadas nos primeiros anos do aprendizado
formal, no segmento de jovens que devem cursar o ciclo médio, de 15 a 17
anos de idade, 15,8% não estudavam, na pesquisa feita em 2012.
A gravidade deste quadro está no fato de que o país perde em vários
sentidos quando parcela dos estudantes que cursaram os anos iniciais do
ciclo básico abandona a Escola. E o grande prejuízo não é nos recursos
do contribuinte aplicados pelo Estado na Escola básica e, numa parcela,
desperdiçados.
A maior perda é da oportunidade histórica, porque o país deixará de se
beneficiar em sua integralidade do chamado "bônus demográfico", ao não
conseguir qualificar a juventude para entrar no mercado de trabalho em
condições de atender às necessidades do setor produtivo, crescentemente
pressionado pela concorrência externa. Há, inclusive, implicações no
financiamento da Previdência, dependente de novos contribuintes para
arcar com os benefício de uma parcela crescente da população de
aposentados.
Devido ao inexorável processo de envelhecimento da população, este
"bônus" tem prazo certo para ser resgatado. No caso brasileiro, como a
idade média já sobe em razoável velocidade, pode-se dizer que se está
atrasado neste resgate.
É de extrema necessidade um projeto específico de aperfeiçoamento do Ensino médio público. Se foi possível começar-se a melhorar o ciclo fundamental, o mesmo é factível no período seguinte.
É de extrema necessidade um projeto específico de aperfeiçoamento do Ensino médio público. Se foi possível começar-se a melhorar o ciclo fundamental, o mesmo é factível no período seguinte.
E terá de ser algo profundo, sem excluir o currículo, um dos polos das
mudanças. Pois está evidente que o Ensino médio não motiva o
adolescente, atraído pelo sonho de ganhar o próprio dinheiro no mercado
de trabalho, em atividades que exijam menos qualificação. Ou, o pior,
não estude, nem trabalhe, e entre no grupo dos "nem, nem".
Boa notícia do Censo é que cresceram as matrículas no Ensino médio em
tempo integral e em cursos profissionalizantes. Isso indica caminhos
para uma nova política. Mas mesmo aqui há problemas: de acordo com o
cientista político Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo
Direito à Educação, muitas Escolas de tempo integral não seguem o melhor
projeto pedagógico. Usam, por exemplo, esportes para manter os Alunos
na Escola.
Nada é fácil no setor educacional. Mas não há alternativa a não ser enfrentar com firmeza as dificuldades.
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