O PT resolveu partir para a guerra total contra Marina Silva, candidata
do PSB à Presidência da República. Se alguém imaginava que ela pudesse
ser poupada em razão de seu passado e de seus vínculos históricos com o
partido, é porque não conhece a legenda, que costumo definir como uma
máquina de lavar reputações duvidosas ou de sujar trajetórias ilibadas.
Tudo depende de quem será o beneficiário ou a vítima. É um ex-inimigo
que decidiu se ajoelhar aos pés de Lula? Pronto! Vira santo! Tomem o
caso de José Sarney. É um ex-amigo que decidiu ficar com a coluna ereta
diante do poderoso chefão? Pronto! Vira bandido. É assim que eles são.
Dia desses, quase ao mesmo tempo, Dilma Rousseff elogiou Jader Barbalho e
atacou FHC. Entenderam?
Pois é. Ao PT não basta apenas discordar
das teses de Marina, tentar demonstrar que ela não tem experiência, que
suas propostas podem fazer mal ao Brasil. Tudo isso é do jogo político.
E não é o caso de a candidata do PSB ter queixo de vidro. Está na
arena. Não custa lembrar que Marina também é muito eficiente para criar
pechas e tachas contra adversários. Se o petismo é o petismo, no
entanto, é preciso desmoralizar o oponente também no campo moral. O mais
espantoso é que essa estratégia é confessada por um dos assessores de
Dilma (leia post anterior), sem constrangimento, sem receios.
Eu
mesmo já perguntei do que vivia Marina Silva. Agora sei que há as
palestras. A explicação do PSB parece razoável. Dividindo-se o valor
líquido pelo número de meses, a conta não deve ser muito diferente da
que foi apresentada: algo em torno de R$ 25 mil por mês. Que mal há que
seja de palestras? Nenhum? Aliás, Luiz Inácio Lula da Silva, com amplo
acesso ao governo federal, ganhou o que recebeu Marina por não mais do
que três ou quatro eventos. E ele também não gosta de revelar suas
fontes pagadoras.
É evidente que, em parte, Marina é refém do seu
próprio discurso. O grau de transparência que ela diz advogar — tão
severa com os outros — requer um pouco mais de prudência com as coisas
que lhe dizem respeito. Ora, o avião de Eduardo Campos segue aí, sem
explicação. A candidata também cometeu um erro político quando, dado o
lugar que pretende ocupar no mercado das ideias, se negou a revelar quem
a contratou. Expunha-se, assim, à especulação.
E, como não
observar?, chega a ser uma piada patética que o PT esteja a pedir
investigação sobre rendimentos alheios, levantando a hipótese de que
possa se tratar de caixa dois, não é mesmo?
Há, reitero, muitos
aspectos na candidatura de Marina que não são do meu agrado. E eu os
exponho com clareza. Mas não é bonito assistir a esse espetáculo de moer
biografias a que o petismo se dedica com tanto afinco. Não contem com a
minha condescendência nesse tipo de pulhice, ainda que Marina não
esteja entre as minhas heroínas. Todos já assistimos a esse filme. O
país paga o preço de essa estratégia ter sido bem sucedida no passado.
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