sábado, 24 de setembro de 2016

Ensino Médio no país avançou apenas 0,3 ponto em dez anos de Ideb

Sala de aula de escola estadual em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense - Divulgação/Marcia Costa


Os resultados do IDEB divulgados pelo Ministério da Educação apontam para a grave situação do ensino médio no país. Pela segunda vez o país atingiu a média apenas no ensino fundamental e isso apenas nos primeiros anos. Nos anos finais o aprendizado melhorou com relação aos dados de 2013 mas não alcançou a pontuação. Em dez anos, desde o primeiro ano do indicador, a etapa final da formação escolar brasileira foi a que menos evoluiu: apenas 0,3 ponto. 


O ensino médio do país permanece com 3,7 pontos desde 2011, distante do objetivo para 2015, de 4,3 pontos. Os principais especialistas na área da educação defendem a necessária e urgente reforma do ensino médio. Só que ele veio, ou melhor, foi anunciada sem dar ouvido aos professores e a quem mais importa, os alunos. 


Sempre houve um esforço hercúleo por parte de grande parte  dos educadores com relação a importância da inserção de disciplinas como Sociologia e Filosofia no ensino médio na medida que essas disciplinas possibilitariam ao aluno a oportunidade de um amadurecimento em torno de um aprendizagem que priorizasse o pensamento crítico reflexivo inerentes a estas disciplinas.Todos os países desenvolvidos possuem em seu fluxograma curricular o ensino da Educação Física e das Artes. Mas nesses países existem escolas públicas com quadras cobertas e em bom estado, material esportivo e espaço para a prática esportiva. 
Aqui no Brasil isso é piada. Além do mais, no caso particular das escolas públicas, a Educação Física enquanto área de conhecimento não está relacionada só ao esporte mas sim as praticas corporais que tem como eixo a corrente denominada de Cultura Corporal do Movimento que engloba o esporte, as lutas, a dança, os jogos e brincadeiras e  o lazer enquanto conteúdos. Poucos professores entendem o que é isso. Muitos inclusive formados em Educação Física. A aprendizagem das artes como conteúdo que compõem o fluxograma curricular nas escolas públicas nos países desenvolvidos transcende e em muito a maneira com que a mesma é ensinada no Brasil. Quando vamos falar sobre a formação do professor? 

Uma carga horária em tempo integral de 1400 horas trás também alguns agravantes. Na escola onde eu lecionava falta portas e janelas nas salas. Isso mesmo, falta porta e janela na maioria das salas. Mas, quem tá preocupado com isso em uma escola pública do distrito de Humildes? As salas possuem ventiladores mas os mesmos não refrescam nada. Coloque um professor em uma carga horária dobrada dentro de salas de aulas que não proporcionam conforto nenhum, nem para o professor quanto mais para os alunos? A escola não tem biblioteca, ou melhor, tem mas não tem pois não é oferecido os livros em um ambiente onde o aluno se dirija e possa ler, pesquisar, investigar. Laboratório de informática? A maioria dos computadores quebrados, obsoletos, ultrapassados e sem manutenção. E os alunos que precisam trabalhar?

Mas uma coisa a escola onde eu lecionava tem: falta de respeito e perseguição a mim enquanto professor. Ah, isso tem! Desacatado, humilhado, submetido a assédio moral e constrangimento. E sabe o que acontece com os responsáveis? NADA!
Professores como eu não prestam por que denunciam fatos como esses. Perseguido por uma gestora que tem processo na justiça mas mesmo assim assumiu cargo de gestora por que tem as costas largas com representantes do PT no governo. Outro programa grave na educação (pública), a interferência da política e o seu fisiologismo, indicando cargos, perseguindo professores, ofertando vagas a seus correligionários e afins, enquanto o que deferia ser o foco da educação, o aluno, é posto de lado. E olha que eu nem falei em acessibilidade na perspectiva da inclusão de portadores de necessidades especiais. E a cidadania? 

São muitos os desafios e importante que os primeiros passos foram dados com coragem, mas ainda temos um longo caminho pela frente.

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