domingo, 11 de junho de 2017

Maju Coutinho poderia ter passado despercebida...



Poderia ser apenas mais uma apresentação do Jornal Hoje de sábado. Poderia ser mais uma das muitas edições de jornalismo versando sobre a vergonha das decisões da justiça nacional, dos mensalões, da corrupção, do desvio e uso indevido do dinheiro público, das crises na saúde e na infraestrutura de saneamento básico e na educação. Mas não é... não pra mim que sou negro.

Longe de um discurso vitimista quero dizer que sim, eu li "Casa Grande e Senzala" na faculdade e sim, o Brasil ainda é um pais racista, de um racismo velado, covarde e hipócrita. Então, assistir uma edição do Jornal Hoje apresentado por uma mulher de cor negra como a Maria Júlio Coutinho passa a ser um ato que possui uma representatividade muito grande, mesmo que subliminar, mesmo que sutil. 

Eu que já tive pessoas duvidando da autoria de textos meus, ou questionando minha capacidade por ser negro, além de várias outras situações de discriminação, aqui e alí, que apenas quem é negro sabe que passou e passa, diariamente. Como diria o grande geógrafo MILTON SANTOS quando perguntado como seria ser negro e ser intelectual no Brasil, o mesmo respondeu que, "no Brasil, é difícil ser negro e ser intelectual", haja visto a visão desqualificada imposta por uma minoria dominante a imagem do negro, como se este tivesse necessariamente que viver sempre a subsunção aos valores dos "brancos".

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