Poderia ser apenas mais uma apresentação do
Jornal Hoje de sábado. Poderia ser mais uma das muitas edições de
jornalismo versando sobre a vergonha das decisões da justiça nacional,
dos mensalões, da corrupção, do desvio e uso indevido do dinheiro
público, das crises na saúde e na infraestrutura de saneamento básico e
na educação. Mas não é... não pra mim que sou negro.
Longe de um
discurso vitimista quero dizer que sim, eu li "Casa Grande e Senzala" na
faculdade e sim, o Brasil ainda é um pais racista, de um racismo
velado, covarde e hipócrita. Então, assistir uma edição do Jornal Hoje
apresentado por uma mulher de cor negra como a Maria Júlio Coutinho passa a ser um ato que possui uma
representatividade muito grande, mesmo que subliminar, mesmo que sutil.
Eu que já tive pessoas duvidando da autoria de textos meus, ou
questionando minha capacidade por ser negro, além de várias outras situações de discriminação, aqui e alí, que apenas quem é negro sabe que passou e passa, diariamente. Como diria o grande
geógrafo MILTON SANTOS quando perguntado como seria ser negro e ser
intelectual no Brasil, o mesmo respondeu que, "no Brasil, é difícil ser
negro e ser intelectual", haja visto a visão desqualificada imposta por
uma minoria dominante a imagem do negro, como se este tivesse
necessariamente que viver sempre a subsunção aos valores dos "brancos".
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