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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Síndrome dos bebês azuis à margem do fenótipo epidérmico de Ahmaud Arbery

Provavelmente você nunca ouviu falar na síndrome dos bebês azuis. Provavelmente você já deve ter ouvido falar no Hospital John Hopkins assistindo a sua série americana com personagens se passando por médicos com suas tramas e dramas, mas duvido muito que você já tenha ouvido falar de um jovem negro da década de 30-40 que não passava de um carpinteiro, e dos bons, que guardava dinheiro no banco para custear seus estudos na faculdade de medicina até vim a grande depressão americana e ele perder tudo o que tinha guardado no banco. Seu nome? Vivien Thomas (1910-1985). 

Pode parecer fácil para você ler hoje que um negro guardava dinheiro para um dia se tornar médico, mas não no Tennesse da década de 30-40. O Tennessee era um dos Estados americanos que adotava a política de segregação racial em instituições educacionais tais como escolas, por exemplo. Pode parecer simples para você saber que posteriormente ele se mudaria para Baltimore, em Maryland com o seu tutor e seria o primeiro negro a usar um jaleco dentro de um dos mais conceituados hospitais do mundo acompanhando, orientando e ensinando um cirurgião a descobrir o protocolo de cura para para uma doença sem jamais ter cursado qualquer tipo de faculdade de medicina antes. Somente anos depois da grande descoberta da cura da síndrome dos bebês azuis, depois de ajudar na formação de centenas de médicos que por aquela instituição passaram, depois do falecimento do seu tutor, o Dr. Alfred Blalock (1899 – 1964) é que finalmente foi condecorado com o titulo de doutor emérito da instituição pelos seus nobres feitos pela medicina e pela humanidade.

Vivien Thomas


Provavelmente você nunca ouviu falar em Ahmaud Arbery, um jovem americano que tinha 25 anos ex-atleta do time de futebol americano da escola. Ele corria todos os dias na rua e era conhecido no bairro — às vezes acenava para os moradores quando passava. Em um desses dias no mês de fevereiro, Arbery foi morto a tiros sem que ninguém pudesse explicar o que tinha acontecido. Por mais de dois meses os suspeitos não haviam sido presos até que no último dia 7 o Departamento de Investigações do Estado da Geórgia anunciou a prisão de dois homens, pai e filho

Em um vídeo, filmagens de Gregory McMichael, de 64 anos, e Travis McMichael, de 34 anos, abordando e atirando em Arbery única e tão somente pelo fato do mesmo estar correndo, praticando esporte, se exercitando na rua, como fazia diariamente.

Ahmaud Arbery

Em pleno século XXI, em uma das nações mais avançadas do globo terrestre, um negro ainda não pode praticar esporte, correr a luz do dia em um bairro sem correr o risco de ser confundido com um ladrão, um bandido, um contraventor. E não venham me dizer que a culpa foi das armas, pois armas não atiram sozinhas. Mesmo com todos e tantos feitos, mesmo com tantos Viviens Thomas hoje existentes em diversas partes do mundo, resguardadas as devidas proporções de genialidade, para muitos preto é cor da pele e não uma alcunha dada a coloração epidérmica que denota uma raça, a raça negra, porque no meu entendimento preto é cor e negro é raça. Em pleno século XXI ainda vivemos uma segregação, um racismo, uma ignorância onde pessoas discriminam outras pessoas por conta da cor da pele e como juízes se acham no direito de dar tiros, de indicar o elevador de serviço só em função da cor, de soltar piadinha racista querendo assim se passar por engraçado, que não é. 

Não estou me fazendo de vítima, negro que sou. Não estou aqui buscando "mimimi" nem muito menos reforçar a retórica da qual a esquerda se apropria com se dona da minoria a qual a raça negra faz parte como se dela dono fosse a fim de pregar sua ideologia. Jamais! Mas não podemos ficar omissos ou nos fazermos de cegos e não enxergar, todos nós, negros, brancos, amarelos, vermelhos, de que ainda estamos longe de atingir o alvo tanto almejado da igualdade, do respeito as diferenças humanas básicas, independente da cor da pele, epiderme, melanina! 

Nem feitos como a descoberta da cura da síndrome dos bebês azuis por homens negros em plena época de segregação racial conferiram nos dias de hoje blindagem a coloração da epiderme de Ahmaud Arbery, de 25 anos, morto por correr na rua.

domingo, 11 de junho de 2017

Maju Coutinho poderia ter passado despercebida...



Poderia ser apenas mais uma apresentação do Jornal Hoje de sábado. Poderia ser mais uma das muitas edições de jornalismo versando sobre a vergonha das decisões da justiça nacional, dos mensalões, da corrupção, do desvio e uso indevido do dinheiro público, das crises na saúde e na infraestrutura de saneamento básico e na educação. Mas não é... não pra mim que sou negro.

Longe de um discurso vitimista quero dizer que sim, eu li "Casa Grande e Senzala" na faculdade e sim, o Brasil ainda é um pais racista, de um racismo velado, covarde e hipócrita. Então, assistir uma edição do Jornal Hoje apresentado por uma mulher de cor negra como a Maria Júlio Coutinho passa a ser um ato que possui uma representatividade muito grande, mesmo que subliminar, mesmo que sutil. 

Eu que já tive pessoas duvidando da autoria de textos meus, ou questionando minha capacidade por ser negro, além de várias outras situações de discriminação, aqui e alí, que apenas quem é negro sabe que passou e passa, diariamente. Como diria o grande geógrafo MILTON SANTOS quando perguntado como seria ser negro e ser intelectual no Brasil, o mesmo respondeu que, "no Brasil, é difícil ser negro e ser intelectual", haja visto a visão desqualificada imposta por uma minoria dominante a imagem do negro, como se este tivesse necessariamente que viver sempre a subsunção aos valores dos "brancos".