Grande filósofo e educador, na época em que grande Julio Cesar propora as reformas em Roma, fora então convidado a discursar sobre a importância da educação na formação do indivíduo. Exigente que era, sobretudo por ele mesmo, entendia aquela como uma missão de grande responsabilidade e o assunto de uma relevância pungente: falar a plateia exigia um preparo ardoroso! Pedira ao Imperador 3 meses. Não mais que 3 meses! Não poderia arcar com tamanha responsabilidade senão se debruçando sobre aquele assunto, que lhe já era um desafio!
Tempos depois, passados os dias, e enfim o nosso nobre filósofo lá estava, no grande coliseu, pronto para proferir palestra sobre a matéria que lhe teria sido incumbido: discorrer sobre o tema da educação!
Casa cheia, logo no início, fez gesto para que seus comandados abrisse um dos porões onde se guardavam os animais e logo saiu de lá uma besta fera, um mastim napolitano de grande porte. Ao mesmo tempo soltaram de dentro de um caixote uma lebre, que ao primeiro contato com a liberdade deu-se a correr de forma desenfreada no espaço que lhe dispunha. Ora, a besta fera lançou-se de maneira desenfreada contra o pequeno animal que só podia alí tentar sobreviver sob a torcida da plateia até que vencida pelo cansaço fora estraçalhada pelos dentes afiados do mastim que nada condescendente não poupou nenhuma porção do seu singelo corpo até vê-lo completamente inerte e dilacerado aos olhos de todos chocados com tamanha brutalidade.
Eis que recolheram o primeiro animal, limparam o ambiente em sua porção tomado pelo sangue da pequenina presa e ainda ao silencio da maioria o filósofo pede que solte o outro mastim, este mais viçoso e bruto aos olhos, todo rebuliço a ostentar sua altivez e beleza, muito embora semelhante a fera anterior, parecia maior, mais forte. De maneira semelhante com outro gesto com as mãos solicitou que o arauto da sabedoria que fosse solta outra lebre, que não diferentemente da primeira, percebendo-se em liberdade, passou a pular, saltitar como de comum aos da sua espécie. A fera, ao visualizar o belo animalzinho, lhes firmou os olhos e levantando as orelhas partiu com rojão em direção a ele que tentou escapar de forma natural e sorrateira mas já era tarde. E quando todos no Coliseu esperavam ver de novo ante seus olhos outra demonstração de selvageria foram todos tomados de surpresa pelo mastim que ao passar pela lebre deu-lhe um ligeiro tapa com uma das patas, depois jogou-se ao chão aos latidos, como que chamando o pequeno corredor, as brincadeiras mais tenras, e travessuras. Jogou-se novamente o enorme animal em direção a lebre, que já não se assustara, como que entendendo o gesto fanfarrão e dócil do seu amigo mastim.

A primeira fera, diria ele, tratar-se-ia semelhante o ser tomado pelas suas próprias vontades, deixado aos seus próprios sentimentos e extintos, gozos. A segunda fera representaria a mesma criatura submetida a educação, familiarizada com a lebre, criada junto e de maneira amorosa, com o contato com o afeto, carinho e a instrução, a alimentação correta e finos tratos. Ambas as feras possuíam dentro de si a mesma origem mas o trato educativo ao qual a segunda delas foi submetida fez com que se diferenciassem. 

Se feras como mastins napolitanos respondem ao trato educativo, muito mais nós, seres humanos. É através da educação que o ser humano se desenvolve, contém sua ascendência animal, seus apelos selvagens e seus extintos primários. Dessa forma, a educação é de vital importância no desenvolvimento das virtudes, no estabelecimentos dos nexos críticos e dos parâmetros entre as coisas! Através da educação o sujeito se emancipa, se reconhece e reconhece o mundo! Mas para que a educação se materialize cabe a formação e os formadores, por isso a função de educador ela prescinde. É como que sagrada!
E o filósofo foi ovacionado!