Hoje tive o prazer, a honra e o privilégio de encontrar minha mestre Suzi Barboni
na fila do supermercado. Que prosaico! Naquele momento me veio a
inspiração pra escrever esse texto, por que sei que a mesma é detentora
de um curriculo invejável, digno, honrado, forjado através do trabalho
de campo árduo e contínuo. Palestrante doutrinária, alí, na fila...
pisando no chão, andando, sorrindo, dialogando. Professora a qual sou
grato a minha orientação na dissertação de monografia quando a maioria
dos professores não quiseram. Pois bem!
Lá vai...
Certa
vez ouvi uma frase que eu guardei durante anos e guardo até hoje como
uma maneira de ressignificar nossa existência. Ela diz mais ou menos o
seguinte:"Não somos seres materiais tendo experiências espirituais.
Somos seres espirituais tendo experiências materiais". Nossa, que
profundo!
Quem me lê escrevendo uma frase dessa deve achar que
eu cheguei ao Nirvana, ou que me alimento de luz e que passo o tempo
todo em posição de meditação - flor de lótus - como os budistas assim o
fazem. Quem me conhece, gordinho do jeito que eu sou, perguntaria logo
se essa luz não estaria um tanto calórica por que emagrecer que é bom,
nada!
A maioria das pessoas tem uma concepção formada de que
pessoas espiritualizadas ou que buscam a espiritualização não podem agir
ou reagir de forma humana ou a expressar emoções humanas genéricas,
comuns. Tipo, se ofender, entristecer, irar-se. Não! O sujeito que é um
espírito elevado ou que almeja a elevação não pode sequer chorar pela
morte de um ente querido. Não condiz com a verdade da vida eterna ou
vida após a vida que defende e acredita.
Esquecem-se esses
inquisidores de que antes de sermos seres espiritualizados devemos antes
de tudo nos humanizarmos. Enquanto humanos somos dotados de 5 emoções
básicas que nos tornam humanos: o medo, a raiva, a tristeza, a alegria
e... o amor!
Por mais que busquemos o que chamamos de vida
espiritual abundante, por mais que acreditemos que somos seres com
discernimento e consciência elevadas em torno do que se acreditar ser
uma pessoa voltada para valores espirituais não podemos nos abster do
mundo e de reconhecer que somos humanos. Comemos, bebemos, dormimos,
temos carências, nos indignamos!
Conversei com a professora Suzi Barboni
por exemplo o quanto estou desapontado com Educação, em particular a
Educação Pública na Bahia. Falei, assim como já escrevi aqui mesmo neste
espaço e no meu blog, que fui caluniado, ofendido, desrespeitado
enquanto professor, servidor público, com crimes de desacato previstos
no estatuto do servidor e no código penal brasileiro e mesmo tendo feito
manifestações no Ministério Público do Estado da Bahia e na Ouvidoria
Geral do Estado nada, inclusive queixa referente a agressão de uma
professora a uma aluna, NADA, ABSOLUTAMENTE NADA e nenhuma providência
foi tomada.
Aí você poderia me dizer: " Ô Carlos, releve,
perdoe! Você não é um a pessoa que se diz espiritualizado? Cadê o
perdão!?". Ora, calma! Alto lá. Sinceramente lamento que manifestações
como estas existam dentro do ambiente escolar, advinda de pessoas que
tem como prerrogativa darem o exemplo enquanto educadores que dizem ser,
mas é exatamente o contrário. Minha insistência no sentido de fazer
valer os meus direitos é para que distorções como estas não ocorram.
Agindo dessa forma eu quero é ajudar a validar leis, direitos e o
próprio sentido da Educação e do educador. Não é rixa nem é raiva! Muito
menos vingança! É justiça! É agir com correção!
Não posso deixar
de revelar aqui a minha tremenda decepção e indignação com a Educação
Pública no nosso Estado, o comportamento de apadrinhamento político,
vistas grossas, fisiologismo político e suas indicações de cargos etc.
Salas de informática caindo aos pedaços, materiais esportivos e
bibliotecas aos frangalhos como na escola em Humildes. Mas como a
gestora é apadrinhada de um certo grupo político que está no poder, e
que persegue, e que quer se impor pela arrogância e pela força,
travestidas de um populismo cínico é que vislumbramos um quadro
tenebroso.
É preciso que estejamos cientes de maneira clara de
que antes de nos espiritualizarmos, devemos nos humanizarmos. Nos
humanizarmos é não perdermos a capacidade de nos indignar. O ser humano
não é um ser humano aprendendo a partir de experiências espirituais. O
ser humano é um ser espiritual aprendendo a partir de experiências
humanas.
Construir a sua realidade de existência sem jogar no
outro a sua responsabilidade pela vida. O melhor teste pra saber se você
é capaz de viver com o outro, sem parasitar, sem vampirizar o outro, é
sabermos ou descobrirmos se somos capazes de vivermos sozinhos conosco
mesmo. Ame-se. respeite-se! Humanize-se!
Namastê é o meu Deus interior reverenciando o seu Deus interior!