sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Primeiro humanize-se. Depois espiritualize-se!


Hoje tive o prazer, a honra e o privilégio de encontrar minha mestre Suzi Barboni na fila do supermercado. Que prosaico! Naquele momento me veio a inspiração pra escrever esse texto, por que sei que a mesma é detentora de um curriculo invejável, digno, honrado, forjado através do trabalho de campo árduo e contínuo. Palestrante doutrinária, alí, na fila... pisando no chão, andando, sorrindo, dialogando. Professora a qual sou grato a minha orientação na dissertação de monografia quando a maioria dos professores não quiseram. Pois bem!

Lá vai...

Certa vez ouvi uma frase que eu guardei durante anos e guardo até hoje como uma maneira de ressignificar nossa existência. Ela diz mais ou menos o seguinte:"Não somos seres materiais tendo experiências espirituais. Somos seres espirituais tendo experiências materiais". Nossa, que profundo! 

Quem me lê escrevendo uma frase dessa deve achar que eu cheguei ao Nirvana, ou que me alimento de luz e que passo o tempo todo em posição de meditação - flor de lótus - como os budistas assim o fazem. Quem me conhece, gordinho do jeito que eu sou, perguntaria logo se essa luz não estaria um tanto calórica por que emagrecer que é bom, nada! 

A maioria das pessoas tem uma concepção formada de que pessoas espiritualizadas ou que buscam a espiritualização não podem agir ou reagir de forma humana ou a expressar emoções humanas genéricas, comuns. Tipo, se ofender, entristecer, irar-se. Não! O sujeito que é um espírito elevado ou que almeja a elevação não pode sequer chorar pela morte de um ente querido. Não condiz com a verdade da vida eterna ou vida após a vida que defende e acredita. 

Esquecem-se esses inquisidores de que antes de sermos seres espiritualizados devemos antes de tudo nos humanizarmos. Enquanto humanos somos dotados de 5 emoções básicas que nos tornam humanos: o medo, a raiva, a tristeza, a alegria e... o amor!

Por mais que busquemos o que chamamos de vida espiritual abundante, por mais que acreditemos que somos seres com discernimento e consciência elevadas em torno do que se acreditar ser uma pessoa voltada para valores espirituais não podemos nos abster do mundo e de reconhecer que somos humanos. Comemos, bebemos, dormimos, temos carências, nos indignamos! 

Conversei com a professora Suzi Barboni por exemplo o quanto estou desapontado com Educação, em particular a Educação Pública na Bahia. Falei, assim como já escrevi aqui mesmo neste espaço e no meu blog, que fui caluniado, ofendido, desrespeitado enquanto professor, servidor público, com crimes de desacato previstos no estatuto do servidor e no código penal brasileiro e mesmo tendo feito manifestações no Ministério Público do Estado da Bahia e na Ouvidoria Geral do Estado nada, inclusive queixa referente a agressão de uma professora a uma aluna, NADA, ABSOLUTAMENTE NADA e nenhuma providência foi tomada. 

Aí você poderia me dizer: " Ô Carlos, releve, perdoe! Você não é um a pessoa que se diz espiritualizado? Cadê o perdão!?". Ora, calma! Alto lá. Sinceramente lamento que manifestações como estas existam dentro do ambiente escolar, advinda de pessoas que tem como prerrogativa darem o exemplo enquanto educadores que dizem ser, mas é exatamente o contrário. Minha insistência no sentido de fazer valer os meus direitos é para que distorções como estas não ocorram. Agindo dessa forma eu quero é ajudar a validar leis, direitos e o próprio sentido da Educação e do educador. Não é rixa nem é raiva! Muito menos vingança! É justiça! É agir com correção!

Não posso deixar de revelar aqui a minha tremenda decepção e indignação com a Educação Pública no nosso Estado, o comportamento de apadrinhamento político, vistas grossas, fisiologismo político e suas indicações de cargos etc. Salas de informática caindo aos pedaços, materiais esportivos e bibliotecas aos frangalhos como na escola em Humildes. Mas como a gestora é apadrinhada de um certo grupo político que está no poder, e que persegue, e que quer se impor pela arrogância e pela força, travestidas de um populismo cínico é que vislumbramos um quadro tenebroso.

É preciso que estejamos cientes de maneira clara de que antes de nos espiritualizarmos, devemos nos humanizarmos. Nos humanizarmos é não perdermos a capacidade de nos indignar. O ser humano não é um ser humano aprendendo a partir de experiências espirituais. O ser humano é um ser espiritual aprendendo a partir de experiências humanas. 

Construir a sua realidade de existência sem jogar no outro a sua responsabilidade pela vida. O melhor teste pra saber se você é capaz de viver com o outro, sem parasitar, sem vampirizar o outro, é sabermos ou descobrirmos se somos capazes de vivermos sozinhos conosco mesmo. Ame-se. respeite-se! Humanize-se!

Namastê é o meu Deus interior reverenciando o seu Deus interior!

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