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domingo, 26 de agosto de 2012

Caminhada do Folclore ou Cultura Popular de Resistência?

“A ficção consiste não em fazer ver o invisível, mas em fazer ver até que ponto é invisível a invisibilidade do visível”. (M. Foucault)


Como um dos resquícios das manifestações genuínamente populares ainda não tomadas completamente pelo "apetite voraz" do capital, como diria o professor Milton Santos, em um domingo muito ensolarado aconteceu mais uma vez hoje pela manhã a "Caminhada do Folclore" aqui em Feira de Santana.

Várias instituições, associações, fanfarras, grupos de capoeira, samba de roda, samba de quixabeira etc desfilaram e confesso que já houveram melhores caminhadas. Achei a deste ano muito fraca, sem graça e ainda contaminada, como não poderia deixar de ser, pela presença de políticos pleiteando votos para as próximas eleições. 

A Caminhada do Folclore não deixa de ser, no entanto, uma manifestação de cultura popular de resistência, das tradições e práticas corporais de diversas comunidades que ao se expressarem ao seu modo e de forma espontãnea, reverenciam sua ancestralidade, que é a nossa ancestralidade. Dessa forma, eventos como esses possuem em sí o poder intríseco de, nada mais nada menos, ratificarem nossa existência seja enquanto sujeitos sociais, seja enquanto sujeitos históricos, seja no estabelecimento de um referencial contido nas relações entre a cultura, a comunidade, a cidade e o seu povo.

Em um modelo de sociedade globalizada que nos apresenta um viés excludente, tais manifestações nos "acotovela" e nos chama à reflexão com o passado,  propondo rupturas e, ao propor rupturas, estabelece o contraponto, na tentativa de visibilidade nesta mesma sociedade onde prevalece o poder do mercado, da mídia, do capital, da exploração do homem pelo homem e como diria foucault, da "invisibilidade do vísível".