o ocidente ainda esta chocado com o atentado feito por extremistas radicais islâmicos a sede da revista humorista francesa Charlie Hebdo. Este choque reside primordialmente no fato de ser difícil para nós ocidentais entendermos de como simples charges, desenhos e sátiras publicadas pelo referido jornal relativamente desconhecido poderia suscitar atitudes tão extremas quanto a que vimos noticiadas nos jornais e mídias internacionais.
A motivação seria nada mais nada menos as ofensas feitas pelo referido jornal ao profeta Maomé através das charges, uma ofensa direta ao Islã, aos seus seguidores e a toda comunidade muçulmana.
Antes do choque, no entanto, os ocidentais deveriam procurar entender mais a mentalidade e os valores muçulmanos. Foi o que eu tentei fazer. Jihadistas, salafitas e outros ramos islâmicos, alguns deles muitos conservadores, que não possuem liberdade de expressão, não ouvem música, não assistem televisão, não há mistura entre homens e mulheres e que possuem uma forte influência da religião na política no chamado estado teocrático, possuem em sua veia valores religiosos extremamente profundos e que não permitem determinados tipos de afrontas, de desrespeito, de insultos.
Maomé
nasceu 5 séculos depois de Cristo. O calendário muçulmano ainda está no
seu 15o século. Há 500 anos atrás, em nome de Jesus, o cristianismo
matou milhares de pessoas, sejam decapitadas ou crucificadas, dizimou
cidades, perseguiu e queimou quem contrariasse os valores de Cristo.
Hoje, em pleno século XXI o ramo a que pertence o chamado "Estado Islâmico" faz exatamente a mesma coisa em nome de Maomé. Al-Qaeda
também!
Me incomoda ver as charges do referido tabloide enfiando uma cruz na região anal dos símbolos do cristianismo, os dogmas do pai, filho e espírito santo. Aliás, me incomodam não! chocam. Mas a vaca na Índia é um animal sagrado e nem por isso nós vemos extremistas indianos explodindo churrascarias no ocidente ou na sedes da Mac Donald.
Acredito também que há e houve um desrespeito enorme ao Islã ao serem publicadas as referidas charges que ofendem a imagem do profeta Maomé e de seus seguidores.
"Existem outros meios de se indignar", "Nada justifica a violência", "Poderiam ter entrado com um processo contra a revista" - dizem muitos e esses argumentos funcionariam se estivéssemos falando de sociedades mais avançadas. Não no caso dos países árabes regidos pela crença no Islã. Na maioria destes países a alternância de poder só é possível com derramamento de sangue, por exemplo. Eles não possuem o mesmo tipo de entendimento das coisas e de valores como nós ocidentais. Tribunal? Processos? Liberdade? Existem passagens no livro sagrado muçulmano que regem a constituição de alguns de seus países onde, entre outras coisas, o apedrejamento é uma das punições contra certos tipos de violações de conduta. Está assustado? Houveram épocas que países orientais hoje cristãos adotavam a mesma conduta.
Muçulmanos são em sua maioria pessoas de bem, que querem ter sua vida, sua família, criar seus filhos e serem felizes como nós cristãos. É um dos povos mais antigos da face da terra e de uma cultura das mais importantes já vistas.
Mexeram com o pessoal errado! Colheram o que plantaram, infelizmente.