sábado, 31 de março de 2012

"As coisas fluem para as pessoas do bêm..."



"A razão de um cão ter tantos amigos é que ele abana mais o rabo do que a lingua." (Anônimo)


TRADUÇÂO: “É melhor você ser odiado por aquilo que você é do que amado por aquilo que você não é” André Gide


Acabei de ler certas colocações que demonstram uma anencefalia das muitas nestas redes sociais, daquelas burguesinhas bem mimadas, criadas a leite tipo A, que não convém perder tempo transcrevendo aqui mais que me deixaram, no mínimo, intrigado. Fazendo uma correlação dialógica com uma visita de um professor de história petista e amigo meu aqui no meu escritório me senti motivado a escrever esse textículo, sem trocadilhos.

O mesmo, a despeito das minhas denuncias recentes ao ministério público, ouvidorias geral do Estado e da Educação, em um dado momento, diz que eu deveria saber usar minha rebeldia ou atitude rebelde ao meu favor, a fim de adquirir benesses para mim mesmo. Bastante indignado com a fala dele, disse ao mesmo que no modelo de sociedade em que vivemos usar o que ele chama de rebeldia e eu chamo de uma postura que estabelece o contraponto ante as contradições da sociedade capitalista, seria justamente ceder a estes modelos, ao próprio modelo capitalista. Era me vender ao capital. Era ser hipócrita, enfim.

Visivelmente impactado com a minha fala como que entendendo a grande besteira que tinha dito, disse, ao sair, que eu deveria fazer uma terapia, por conta de tudo que eu havia passado. Eu disse a ele que tudo o que tinha acontecido pra mim era como tomar sorvete à beira mar, ou seja, era lazer, fichinha, perto do que eu já passei na minha vida e ele não tinha ideia do que se tratava. 
Então, voltando para a patricinha a qual me refiro acima, ela em seu microblog na rede social diz que “as coisas fluem normalmente – caminham - para as pessoas do bem”. Numa leitura superficial e de fácil entendimento, as pessoas as quais ela se refere serem pessoas do bem são provavelmente aquelas as quais nunca se contrapõem a nada. Nunca estabelecem atrito. Não reivindicam, não denunciam, não protestam, não são críticas pois “vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota”. Meros “baba-ovos” como se diz por aí. “Pucham saco”. Ocupam espaços não pela competência técnica ou meritocracia, mas por indicação, pelo famoso QI – Quem indica – Esses hão aos montes. Niilismo? Maniqueísmo? Não. Estão arraigadas a um “status quo” chamado “Zona de Conforto”

Nós que vimos de uma história de lutas concretas dentro do movimento estudantil. Nós que buscamos o aprofundamento das discursões na busca da superação das superficialidades no campo do concreto, seja na área da educação ou no nosso dia a dia. Nós, junto a todo um coletivo que, a partir das referenciais que demonstram não e tão somente toda uma conjuntura histórica de exploração expropriação fragmentação e coptação do sujeito, do homem pelo homem, das contradições que nos traz o mundo contemporâneo em sua falácia de sociedade do conhecimento. Nós que através desses referenciais pelos quais entendemos que vale a pena ainda continuar lutando, denunciando de forma a estabelecer o contraponto, nunca e jamais tivemos o conhecemos esse rio fluindo de forma tênue onde se banha essa patricinha ou o lugar onde o meu velho amigo professor de história e petista quer me colocar afim de que eu obtenha “benesses”, frutos de uma pseudo-rebeldia. Esse lugar, sinceramente, eu não quero. Não quero e sou aprovado em um concurso público mas sou desqualificado sabe Deus como nas provas dissertativas. Não quero e não sou aprovado em um curso de especialização na UNEB. Não quero e sou obrigado a ser submetido a uma série de perseguições vendo aqueles que são pucha sacos e o "baba-ovo" ocupando os espaços, não por competência, mas por serem coniventes. estes não tensionam. São políticos. Se deixam levar pelas conivências. Esses são e sempre serão "do Bêm".

Eu sou do "mal", então.

Quero continuar chorando toda vez que assisto o documentário “Ilha das Flores”. Quero me indignar cada vez que vejo um político desviar verbas publicas ou superfaturar obras públicas ou ver uma criança no lixão no bairro Gabriela III aqui de Feira de Santana. Ou quando um governo opta em investir milhões em um estádio de futebol a melhorar as condições de vida da população, o salário de professores, policiais, etc. Quem está na frente de manifestações como estas, nunca será bem recebido. Nunca terá a correnteza a seu favor, pois tem contra ele todo um modelo. O velho novo modelo que exalta o têr pelo ser. A aparência ao conteúdo. O barulho vazio ao silêncio eloquente. A superficialidade à profundidade. A mentira à verdade.

Sei que vou morrer pobre e só. Não há quem aguente um tipo de conversa como a minha por muito tempo. Não têm graça. É chato. Não tenho graça nessa sociedade hedônica. Mas espero morrer sem ser esse modelo de pessoa do “bêm” a qual se refere à burguesinha, muito menos possuir o entendimento de rebeldia desse amigo professor de história, "professôr" logo de  história, a mãe de todas as ciências. 

Não. “Não sou preto da alma branca”, muito menos do “bêm” bestializado e inerte, ou do pseudo-rebelde tipo “reaça” – reacionário.

Contenta-me a consciência tranquila como a de um beija-flor que ante o incêndio na floresta procura fazer a sua parte (veja a lenda). E deitar no travesseiro. E dormir o sono dos justos. Ou o sono dos "maus". Dos que não se venderam. Não bajularam. São pucharam saco de ninguém e muito menos se entregaram aos discursos. Se é que isso é possível?

"Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, pode fazer a apologia da loucura que adormece as consciências"
Para além, muito além, do que jamais fôra dito.

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