Olá a todos e todas. Resolvi reproduzir este texto do Deputado Estadual Carlos Geilson/PTN com o intuito muito simples de fazer divulgados os dados alarmantes que ele nos tras com relação aos montantes gastos pelo governo Jaques Wagner no que tange a contratação de mão de obra através dos contratos de REDA e de PST na área da Educação. O atual secretário de educação, que não é Educador mas administrador de empresas, se alinha bem ao governo Wagner do qual faz parte no gerir da politica que visa estabelecer uma lógica neoliberal na educação, criando contratos terceirizados que dão falsa ilusão de empregabilidade e fragmenta a luta dos profissionais pela criação de novos postos de trabalho através de concursos públicos que viabilizem um plano nacional de educação e uma política pública para a educação na Bahia. Convém aqui agradecer de público a atenção da assessoria do Deputado que prontamente atendeu nossa solicitação com relação aos dados ventilados pelo parlamentar mas dos quais não tinhamos os números. Vale a pena ler...
Publicado em 14 de maio de 2012.
“Sou
professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou
professor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor a
favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se
não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não
luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo
descuidado, corre o risco de se amofinar e já não ser testemunho que
deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste”, Paulo Freire.
Foi-se o tempo em que diversão de
criança era brincar de professor e aluno, por isso desafio a qualquer um
perguntar aos filhos pequenos ou jovens o que eles desejam ser quando
crescer. É certo que dirão: quero ser médico, advogado, engenheiro,
jogador de futebol, ator, menos professor. Por detrás dessas respostas
há a revelação daquilo que estamos habituados a sentir na carne: o
desdém para com o nosso mister; provocado sobretudo pelo
desgaste que a profissão tem sofrido, em decorrências das transformações
educacionais, bem como em virtude da exposição da profissão como
desvalorizada socialmente, mal remunerada e de rotina desgastante.
Entretanto, ainda que a escolha pela
docência seja desejo de poucos, nenhuma outra profissão carrega consigo a
nobre arte do ensinar. Por ser arte e por caminhar lado a lado com
aquele que para o aluno é exemplo de sabedoria, ensinar é ato de
responsabilidade, por isso deveria ser proibido atuação daquele que se
envolva nele por falta de algo melhor para fazer, ou porque precisa de
um bico para complementar a renda.
Médico ou advogado, engenheiro ou ator,
não há qualquer especialidade que exista sem ter passado por lições e
professores. Toda profissão, por mais técnica que seja, precisa de
mestres.
Os salários dos professores do Estado da
Bahia não são dignos, as instalações de trabalho (sala de aula,
banheiros, estrutura física de modo geral) em alguns casos; precárias,
mas a maior virtude do mestre está em acreditar que é possível
transformar a educação em instrumento do desvendar e não com ela vendar
as consciências. Está convencido, como assevera Fernando Pessoa de que: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim
em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive”. Além disso, acredita
nas palavras de Rubem Alves “não haverá borboletas se a vida não passar
por longas e silenciosas metamorfoses”, apesar de saberem que as condições de ensino estão cada vez mais difíceis e, não raro, piores.
O que me chama atenção desde que começou
a greve, foi a forma radical com que o governo do Estado, que se diz
republicano, forjado nas lutas populares, tratou essa questão dos
professores. O governo alega não ter dinheiro para dar o aumento,
entretanto nós da oposição encontramos que nos gastos com Regime
Especial de Direito Administrativo (Reda), no ano pré eleitoral de 2009 o
governo gastou R$ 406 milhões com esse tipo de contratação e no ano
seguinte R$ 420 milhões.
Em seu primeiro governo, Wagner
totalizou um gasto de R$ 1,456 bilhão só com Reda. Eu não sou contra o
Reda ou os Prestadores de Serviços Temporários (PST), mas defendo que
não se use de uma forma indiscriminada, para aparelhar a máquina pública
e servir de moeda de troca com a base governista. Então, visto isso,
sabemos que dinheiro existe, mas o problema é a forma como ele vem sendo
utilizado. Todos sabem que votei a favor dos professores e contra o
projeto proposto pelo governo que reajusta o salário dos professores da
rede estadual, aprovado na noite do dia 24 de abril.
O governador Jaques Wagner precisa
entender que não está lhe dando com qualquer profissão. O professor que
acampa na Assembleia Legislativa e está paralisado há mais de 30 dias,
pertence, dentre todas as outras profissões, a mais importante para o
país. Por ser maltratado diariamente, chegou a esse extremo porque
precisa expor o seu dilema. “Me movo como educador, porque, primeiro, me
movo como gente”, dizia Freire. Paralisar foi a forma que os
professores encontraram de captar os olhares da sociedade, dos deputados
e de vossa excelência, governador, para a necessidade de negociação,
cuja pauta é acordar algo que é justo e fora prometido no ano passado:
melhorias das condições de trabalho e de vida, que começam pelo reajuste
de 22,22% ao salário.
No dia 1º de maio homenageava em meu
programa de rádio, pela passagem do seu dia, o homem e a mulher que
trabalha. Dizia que trabalhar nos faz útil à sociedade e que orgulhar-se
do labor nos garante vida e não nos dá apenas possibilidade de
construir coisas matérias (casa, carro…), mas de construir, antes,
autonomia, autoestima, moral e caráter. Precisamos recuperar a dignidade
dos guardiões do saber numa sociedade de memória fraca e curta que
desvaloriza coisas que não se acabam: a cultura, o saber e a educação!
Deputado estadual Carlos Geilson (PTN)
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