Josias de Souza
é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961.
Trabalhou por 25 anos na "Folha de S.Paulo" (foi repórter, diretor da
Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista).
Certas coisas são tão evidentes que só um cego olharia duas vezes. No
ano passado, foram tantas as evidências de malfeitos praticados por
ONGs no Ministério dos Esportes que Dilma Rousseff mandou ao olho da rua
o ministro da época, Orlando Silva (PCdoB). A providência retirou a
pasta das manchetes. Porém…
Surge agora uma novidade que indica que a limpeza não chegou aos
armários do ministério. Subcontratado pelo Instituto Contato, entidade
ligada ao PCdoB, o micro-empresário catarinense João Batista Machado,
dono da JJ Logística Empresarial Ltda., contou ao repórter Fernando
Junqueira: desviaram-se 90% das verbas de dois convênios firmados com o Ministério dos Esportes em 2009 e 2010, sob Lula.
A coisa envolvia o fornecimento de lanches para crianças atendidas
pelo programa Segundo Tempo. Sediada em Tanguá, região metropolitana do
Rio, a firma de João Batista deveria fornecer os lanches que
alimentariam a criançada durante atividades esportivas em períodos
complementares ao horário da escola.
O ministério liberou R$ 4,65 milhões. Desse total, diz João Batista,
apenas R$ 498 mil foram usados na aquisição de alimentos. Malversaram-se
os outros R$ 4,15 milhões. “Era tudo roubo. Vi maços de dinheiro serem
distribuídos”, relata o dono da JJ Logística. Beneficiaram-se dos
desvios políticos de Brasília, de Santa Catarina e do Rio. Os nomes? O
denunciante não revelou.
Candidato a vereador em São Paulo, o ex-ministro Orlando Silva não
foi eleito. Obteve uma suplência. O Instituto Contato negou as acusações
do seu contratado. Hoje gerido por Aldo Rebelo (PCdoB-SP), o Ministério
dos Transportes rescindiu os convênios e informou que vai investigar a nova denúncia.
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