Reinaldo Azevedo |
A Polícia
Federal confirmou, nesta sexta-feira, ter aberto inquérito para
investigar a atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma
das operações financeiras do mensalão. Agora, Lula é oficialmente
investigado por sua participação no esquema que movimentou milhões de
reais para pagar despesas de campanha e comprar o apoio político de
parlamentares durante o primeiro mandato do petista.
O
presidente teria intermediado a obtenção de um repasse de 7 milhões de
reais de uma fornecedora da Portugal Telecom para o PT, por meio de
publicitários ligados ao partido. Os recursos teriam sido usados para
quitar dívidas eleitorais dos petistas. De acordo com Marcos Valério,
operador do mensalão, Lula intercedeu pessoalmente junto a Miguel Horta,
presidente da companhia portuguesa, para pedir os recursos. As
informações eram desconhecidas até o ano passado, quando Valério – já
condenado – resolveu contar parte do que havia omitido até então.
A
transação investigada pelo inquérito estaria ligada a uma viagem feita
por Valério a Portugal em 2005. O episódio foi usado, no julgamento do
mensalão, como uma prova da influência do publicitário em negociações
financeiras envolvendo o PT.
O pedido
de abertura de inquérito havia sido feito pela Procuradoria da República
no Distrito Federal. As novas acusações surgiram em depoimentos de
Marcos Valério, o operador do mensalão, à Procuradoria-Geral da
República. Como Lula e os outros acusados pelo publicitário não têm foro
privilegiado, o caso foi encaminhado à representação do Ministério
Público Federal em Brasília. Ao todo, a PGR enviou seis procedimentos
preliminares aos procuradores do Distrito Federal. Um deles resultou no
inquérito aberto pela PF. Outro, por se tratar de caixa dois, foi
enviado à Procuradoria Eleitoral. Os outros quatro ainda estão em
análise e podem ser transformados em outros inquéritos.
Segredos
Com a certeza de que iria para a cadeia, Marcos Valério começou a contar os segredos do mensalão em meados de setembro, como revelou VEJA. Em troca de seu silêncio, Valério disse que recebeu garantias do PT de que sua punição seria amena. Já sabendo que isso não se confirmaria no Supremo – que o condenou a mais de 40 anos por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro – e, afirmando temer por sua vida, ele declarou a interlocutores que Lula “comandava tudo” e era “o chefe” do esquema.
Pouco
depois, o operador financeiro do mensalão enviou, por meio de seus
advogados, um fax ao STF declarando que estava disposto a contar tudo o
que sabe. No início de novembro, nova reportagem de VEJA mostrou que o
empresário depôs à PGR na tentativa de obter um acordo de delação
premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um crime presta
informações sobre ele, em troca de benefícios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui sua opinião!