Crianças do interior do Nordeste
brasileiro têm sido rotineiramente expostas à humilhações,
constrangimento, desconforto e perigo. Têm que andar mais de 30 minutos,
se arriscar em paus de arara, disputar espaços em charretes, ir a
cavalo, ultrapassar pontes, pular riachos de esgoto surgidos na porta
das escolas urbanas e rurais que nem tão longe assim estão de grandes centros.
A realidade dos estudantes pobres
brasileiros é cruel. Pelo menos 44% das escolas não dispõem de
infraestrutura adequada. Em algumas delas não há ventilação; a
construção feita às pressas não conta com janelas e o calor é insuportável. Em outras, a fossa passa na cozinha. Imagine aí, como garantir a higiene dos alimentos preparados em ambiente como esse?
O Ministério Público investiga
denúncia do Fantástico que revelou o dia a dia das escolas de Alagoas,
Pernambuco e Maranhão. No Norte não é muito diferente e nas reservas
indígenas a escola funciona embaixo das árvores. O que está valendo, em
muitos casos, é tão somente o esforço de professores que ficam meses sem
salários, dos alunos e pais.
Esse é o retrato de um Brasil que
nos entristece e nos envergonha. No entanto, ganha força o espírito de
superação. A comunidade tem se reunido para identificar soluções e
colocá-las em prática, a partir da discussão de casos específicos e
gerais, a exemplo da violência espalhada em todos os cantos do país.
Só pra ilustrar a força da vontade de mudança lembro o trabalho desenvolvido em uma das maiores favelas de São Paulo.
Uma escola pública de Heliópolis lançou o desafio de derrubar o muro
alto e a cerca de arame farpado para atrair a atenção dos jovens
afastados a se interessar pelas aulas que inclui artes e esportes.
A iniciativa do diretor
repercutiu na comunidade local silenciosa e de passos restritos em
função da violência. A ação está dando certo e os ex-alunos já começam a
se influenciar pela nova maneira de ensinar e aprender.
A escola e a educação têm que se
adaptar à realidade e ser estimulada pelos governos que devem possuir
astúcia suficiente pra não abandonar projetos interessantes independente
do partido ou do político que sugeriu.
O que deve valer mesmo é a
intenção de transformar a realidade e a perspectiva de vida desses
jovens que estão ainda muito distantes de ter o que merecem: respeito e
direito a viver integralmente sua cidadania. Sem escola estruturada, sem
atrativos para os estudos, como os alunos vão permanecer nas salas de
aula?
Temos a obrigação de acompanhar o
desenvolvimento dos projetos e cobrar a punição dos responsáveis por
tantas dificuldades impostas aos nossos jovens. A briga é de todos nós
que devemos lutar por um Brasil melhor, hegemônico e de alternativas
capazes de virar o jogo.
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