terça-feira, 8 de abril de 2014

Sem enquadramento não dá! A "mais-valia" do professor é o produto construído pelo seu próprio conhecimento!



Hoje eu tou muito chateado! Contrariado! Mas não foi assim o dia inteiro! Tenho pensado seriamente em deixar de ser professor, pelo menos da rede pública de ensino na Bahia. Hoje fui chamado na Delegacia Regional de Ensino aqui de Feira de Santana (DIREC-02) e fui muito bem atendido pela sua coordenadora, professora Nivea. Muito bem atendido depois de esperar  pelas 9 pessoas que estavam na minha frente. Amarguei 2 horas esperando pra ouvir a mesma reza de sempre. A minha queixa era de que na escola pública  onde sou lotado existe carga horária na minha disciplina mas a equipe gestora ao invés de colocar na carga horária compatível com a demanda, cedia a professores de outras disciplinas e a Secretaria da Educação por sua vez não dá deferimento a respeito de um processo de alteração de carga horária aberto por nós desde o ano passado.

Acima do peso, ainda tive que ouvir uma funcionária antiga da Direc me saudar e em seguida dizer que eu tou meio “gordinho”. “Ô professor, professor de Educação Física?”. Não tenho mais nem ânimo para responder que a observação dela parte de uma colocação equivocada, de um estereótipo de senso comum. Eu sou PROFESSOR de Educação Física e não ATLETA. Fui atleta profissional de basquetebol e magro durante grande parte da minha vida. Cessada a vida de atleta é óbvio que eu não poderia manter, por uma série de fatores, entre eles um problema sério no joelho, herança justamente desta fase atlética. Não que seja da conta dessa funcionária mas interpreto, no mínimo, como ignorancia a colocação dela, em um ambiente voltado para a administração do fazer pedagógico nas escolas públicas, o entendimento em torno do professor de educação física escolar já deveria estar bem difundido. Não está.



Não vou perder meu tempo mais falando sobre isso, por que é realmente uma grande perda de tempo. Um país onde as cirurgias plásticas e o uso de cosméticos se avultam conjugado a exposição do corpo enquanto objeto, a sensualidade, a promiscuidade e a beleza física e o superficial seja tão valorizados, não surpreende comentários pobres, vazios, rasteiros.

No final, me fizeram esperar 2 horas para ouvir que o Estado, o governo do Estado da Bahia, embora tenha necessidade e carga horária para me enquadrar com 40 horas semanais de forma efetiva, não o faz por que não tem dinheiro, mas se eu aceitar dar aulas de horas extras posso receber, no final do ano, já com descontos de imposto de renda, o dinheiro da gasolina, os custos, gastos, tempo, contas a pagar, trabalho e esfôrços realizados durante meses e de graça para um governo que prioriza a construção de estádios de futebol ao invés de investir nos salários dos profissionais da educação.


Em que pese a minha posição contrária ao governo que aí está, coincidentemente o mesmo que comanda a Secretaria da Educação e a Direc 02, pode-se ter explicado aí o fato de eu ser "persona não grata" entre eles, por não coadunar com uma política que se instalou na educação da Bahia nem com políticos que delas se aproveitam, está aí explicada e justificada a perseguição a que sofro e que não é de hoje.

Anos e anos lecionando, vendendo minha força de trabalho, minha mão de obra minha "mais-valia" e ainda tenho que ser submetido a dar aulas extras? Por que pra seus apadrinhados tem enquadramento e 40 horas? Por que eu tenho processos de gratificação  que desde 2012 estão sem serem analisados pela Secretaria Estadual da Educação? Não me venham com ladainhas! Estou farto de papo furado!

Como um homem pode viver de maneira digna, pagar suas contas  constituir família ganhando um salário de miséria? Enquanto os bajuladores aliados se aconchegam nos cargos e nomeações?

Não. Me desculpe, mas minha resposta é não! Não quero e não vou me sujeitar, de novo, a ser mão de obra barata para esse governo. É humilhante! Não vou e não quero perder a minha dignidade. Sigo meu caminho de cabeça erguida, vendendo computador, impressoras fiscais, relógio de ponto, e produtos da área de tecnologia da informação em uma atividade completamente fóra da área da educação por que o governo do Estado da Bahia não quer me pagar um salário decente enquanto professor. Sem enquadramento não dá!

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