Acima do peso, ainda tive que ouvir uma funcionária
antiga da Direc me saudar e em seguida dizer que eu tou meio “gordinho”. “Ô
professor, professor de Educação Física?”. Não tenho mais nem ânimo para
responder que a observação dela parte de uma colocação equivocada, de um
estereótipo de senso comum. Eu sou PROFESSOR de Educação Física e não ATLETA. Fui
atleta profissional de basquetebol e magro durante grande parte da minha vida.
Cessada a vida de atleta é óbvio que eu não poderia manter, por uma série de
fatores, entre eles um problema sério no joelho, herança justamente desta fase
atlética. Não que seja da conta dessa funcionária mas interpreto, no mínimo,
como ignorancia a colocação dela, em um ambiente voltado para a administração
do fazer pedagógico nas escolas públicas, o entendimento em torno do professor
de educação física escolar já deveria estar bem difundido. Não está.
Não vou perder meu tempo mais falando sobre isso, por
que é realmente uma grande perda de tempo. Um país onde as cirurgias plásticas
e o uso de cosméticos se avultam conjugado a exposição do corpo enquanto
objeto, a sensualidade, a promiscuidade e a beleza física e o superficial seja
tão valorizados, não surpreende comentários pobres, vazios, rasteiros.
No final, me fizeram esperar 2 horas para ouvir que o Estado,
o governo do Estado da Bahia, embora tenha necessidade e carga horária para me
enquadrar com 40 horas semanais de forma efetiva, não o faz por que não tem
dinheiro, mas se eu aceitar dar aulas de horas extras posso receber, no final
do ano, já com descontos de imposto de renda, o dinheiro da gasolina, os
custos, gastos, tempo, contas a pagar, trabalho e esfôrços realizados durante
meses e de graça para um governo que prioriza a construção de estádios de
futebol ao invés de investir nos salários dos profissionais da educação.
Em que pese a minha posição contrária ao governo que aí está, coincidentemente o mesmo que comanda a Secretaria da Educação e a Direc 02, pode-se ter explicado aí o fato de eu ser "persona não grata" entre eles, por não coadunar com uma política que se instalou na educação da Bahia nem com políticos que delas se aproveitam, está aí explicada e justificada a perseguição a que sofro e que não é de hoje.
Anos e anos lecionando, vendendo minha força de trabalho, minha mão de obra minha "mais-valia" e ainda tenho que ser submetido a dar aulas extras? Por que pra seus apadrinhados tem enquadramento e 40 horas? Por que eu tenho processos de gratificação que desde 2012 estão sem serem analisados pela Secretaria Estadual da Educação? Não me venham com ladainhas! Estou farto de papo furado!
Como um homem pode viver de maneira digna, pagar suas contas constituir família ganhando um salário de miséria? Enquanto os bajuladores aliados se aconchegam nos cargos e nomeações?
Não. Me desculpe, mas minha resposta é não! Não quero
e não vou me sujeitar, de novo, a ser mão de obra barata para esse governo. É humilhante! Não
vou e não quero perder a minha dignidade. Sigo meu caminho de cabeça erguida,
vendendo computador, impressoras fiscais, relógio de ponto, e produtos da área
de tecnologia da informação em uma atividade completamente fóra da área da
educação por que o governo do Estado da Bahia não quer me pagar um salário
decente enquanto professor. Sem enquadramento não dá!
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